O que mudará do Wi-Fi 7 para o Wi-Fi 8

 

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A cada nova geração, o Wi-Fi se consolida como uma das inovações mais importantes do nosso século. A tecnologia se tornou um motor fundamental para a economia global, gerando um valor econômico de US$ 4,3 trilhões em 2024 e com projeção de alcançar US$ 4,9 trilhões em 2025. Esse crescimento é reflexo de um uso massivo: enquanto a média de dados móveis por pessoa nos Estados Unidos, por exemplo, é de cerca de 23 GB, o uso de dados via Wi-Fi em banda larga chega a impressionantes 650 GB por mês. Se as gerações anteriores, incluindo a mais recente Wi-Fi 7, foram impulsionadas por uma corrida por velocidades cada vez maiores — com foco em uma taxa de transferência ultra-alta, a próxima grande revolução da tecnologia sem fio muda o foco do "quão rápido" para o "quão confiável". O Wi-Fi 8, que está em desenvolvimento sob o padrão 802.11bn, tem como principal objetivo a "Ultra-Alta Confiabilidade" (Ultra High Reliability — UHR). A promessa é uma conexão que não apenas atinge velocidades impressionantes, mas que as mantém de forma consistente em ambientes do mundo real, cheios de interferências e múltiplos dispositivos. Conexão em malha: um trabalho em equipe que faz toda a diferença no Wi-Fi 8 Uma das grandes inovações do Wi-Fi 8 é a coordenação de múltiplos pontos de acesso (APs). Em muitos lares, a adoção de redes em malha (rede mesh, onde vários roteadores são colocados em pontos estratégicos de uma casa grande, para formar uma só rede) para ampliar a cobertura já é uma realidade. Contudo, sem uma coordenação efetiva, esses APs podem competir entre si pelo espectro, prejudicando o desempenho. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- E aí entra a primeira diferença do Wi-Fi 8. Para resolver isso, o Wi-Fi 8 introduz o Coordinated Spatial Reuse (Co-SR), que permite que os APs ajustem sua potência de transmissão para evitar interferências e permitir comunicações simultâneas. Em um cenário familiar, por exemplo, onde duas pessoas estão baixando filmes em andares diferentes de uma casa, essa tecnologia pode evitar que a velocidade caia drasticamente devido à concorrência entre os dispositivos. Estudos preliminares mostram que o Co-SR pode aumentar a taxa de transferência total do sistema entre 15% e 25%. Outra diferença é uma tecnologia complementar chamada Coordinated Beamforming (Co-BF), que permite que os APs direcionem os sinais com mais precisão, minimizando a interferência em dispositivos não-alvo. Essa funcionalidade pode ser crucial em situações nas quais os dispositivos estão próximos uns dos outros, e as simples reduções de potência não seriam suficientes. O Co-BF pode trazer um ganho de até 50% na taxa de transferência em redes mesh. Otimização do canal e velocidade constante Outros pontos de atrito na experiência do usuário também foram abordados no Wi-Fi 8. A tecnologia de Novas Taxas de Dados (New Data Rate) visa preencher as lacunas entre os diferentes níveis de modulação e codificação (MCS). Em cenários práticos, isso significa que a velocidade da conexão não cairá drasticamente ao se afastar do roteador, garantindo uma transmissão de dados mais estável e com ganhos de 5% a 30%, dependendo das condições. O Dynamic Sub-channel Operation (DSO) também tem um papel crucial. Em ambientes onde múltiplos dispositivos competem pelo serviço, como quando um grupo de amigos se junta para baixar arquivos grandes, o DSO pode otimizar o uso do espectro disponível, resultando em melhorias de mais de 20% em vários casos de uso e podendo atingir até 80% em cenários de pico de transferência. A promessa do futuro O Wi-Fi 8, com o padrão 802.11bn, tem aprovação prevista para setembro de 2028, mas, como vimos com as gerações anteriores, os primeiros produtos podem chegar ao mercado antes da finalização oficial do padrão. A aposta é que essas inovações não apenas resolvam problemas cotidianos, mas também preparem a infraestrutura para novas aplicações que exigem conexões ultraestáveis e de baixa latência, como a realidade estendida (XR), a automação industrial e a e-saúde. A jornada de cada nova geração de Wi-Fi é a garantia de que as nossas redes sem fio podem, e vão, acompanhar as necessidades do futuro. Leia a matéria no Canaltech.