‘O Pablo Escobar dos tempos modernos’: o que há por trás do atleta olímpico que virou um dos 10 fugitivos mais procurados do FBI

 

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O FBI divulgou nesta semana uma nova foto de Ryan James Wedding, ex-snowboarder olímpico canadense, foragido há 14 meses e agora listado entre os dez fugitivos mais procurados da agência. A recompensa por informações que levem à sua prisão subiu para US$ 15 milhões, e autoridades afirmam que ele mantém laços operacionais com o Cartel de Sinaloa, no México. Mas quem é o homem descrito por investigadores como “o Pablo Escobar dos tempos modernos”?

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Segundo o diretor do FBI, Kash Patel, Wedding é acusado de conceber “um programa de tráfico de drogas e narcoterrorismo sem precedentes em muito tempo”. A nova imagem teria sido registrada no último verão no México, onde o canadense, de 44 anos, estaria tentando alterar constantemente a aparência para evitar a captura, conforme relataram agentes federais.

Ex-atleta olímpico na lista de 10 mais procurados do FBI

Divulgação / FBI

A inclusão de Wedding na lista de mais procurados ocorreu após uma investigação internacional que levou a operações no Canadá, Estados Unidos e México. O Toronto Star noticiou que ele é considerado pela própria agência americana “um dos maiores fornecedores de cocaína do Canadá”. Em março, o FBI havia anunciado recompensa inicial de US$ 10 milhões, ampliada após o prolongado período de fuga.

O caso ganhou novos contornos quando Wedding foi acusado, em novembro, de ordenar o assassinato de uma testemunha federal que prestaria depoimento contra ele. Autoridades afirmam que o ex-atleta publicou a imagem da vítima em um site canadense e ofereceu uma recompensa pela morte, acreditando que isso garantiria sua absolvição e a continuidade da rede criminosa. A vítima foi morta a tiros em um restaurante dias antes de depor.

Ele é um dos fugitivos mais procurados pelo FBI

Divulgação/Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no México

A procuradora-geral Pam Bondi declarou no mês passado que a organização comandada por Wedding importava cerca de 60 toneladas de cocaína por ano para Los Angeles, via caminhões que cruzavam a fronteira mexicana. “Ele controla uma das organizações de tráfico mais prolíficas e violentas do mundo. Atualmente, é o maior distribuidor de cocaína do Canadá”, afirmou.

A estrutura montada pelo canadense teria ligações diretas com a Colômbia e o México, utilizando empresas de fachada e uma rede logística instalada entre Los Angeles e Ontário, segundo o FBI. A Polícia Montada Real Canadense anunciou a prisão de sete suspeitos ligados ao grupo em Quebec, Ontário e Alberta, que devem ser extraditados para os Estados Unidos.

A violência associada à rede se estendeu a civis no Canadá. Em novembro de 2023, homens armados invadiram a casa da família Sidhu, em Caledon, matando Jagtar Singh Sidhu e ferindo gravemente sua esposa e filha em um ataque descrito como caso de identidade trocada. “A polícia o retratou como um monstro”, disse Clare Fader ao Toronto Star sobre o filho, uma das vítimas da estrutura criminosa.

Testemunhas-chave também foram atacadas fora do Canadá. O jornal canadense relatou o assassinato do colaborador Jonathan Acebedo-García em Medellín, cuja cooperação havia sido decisiva para desmantelar parte do esquema. A procuradora americana acusa Wedding de pagar US$ 7 mil por imagens da vítima antes de sua morte, em janeiro de 2025.

Antes de ingressar no crime organizado, Wedding representou o Canadá nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2002, em Salt Lake City, terminando em 24º lugar no slalom gigante paralelo. Segundo registros da FIS, sua última competição foi em março daquele ano, quando não concluiu a prova do Campeonato Nacional. Seu principal resultado veio semanas antes: a vitória na Copa do Mundo de Snowboard da FIS.

Hoje, a trajetória esportiva de Wedding contrasta com o alerta internacional das agências federais. Foragido, acusado de homicídio e tráfico em larga escala, o ex-atleta segue sendo procurado nos três países onde, segundo investigadores, construiu uma das redes mais violentas da última década. O FBI acredita que ele possa estar sob proteção de organizações criminosas no México — e reforça que sua captura, por ora, depende de colaboração internacional.