Nunes sai em defesa de Ricardo Teixeira e critica pressão para que aliado deixe a presidência da Câmara de SP
Preocupado com a sucessão na presidência da Câmara Municipal, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), saiu em defesa do atual comandante da Casa, Ricardo Teixeira (União Brasil), e reforçou o apoio à sua recondução ao cargo. Aliado de longa data do vereador, Nunes afirmou nesta quarta-feira que Teixeira não pode ser “castigado” pelo próprio partido, o União Brasil, sendo impedido de disputar um novo mandato.
Segundo o prefeito, é comum que presidentes da Câmara cumpram ao menos dois mandatos consecutivos, exceto quando há algum erro cometido no exercício da função. O plano do União Brasil, no entanto, é fazer um rodízio com os vereadores da sigla no comando da Casa.
— A grande maioria dos vereadores entende que o Ricardo Teixeira deve continuar por dois principais motivos. Primeiro, porque ele tem sido um bom presidente, do diálogo democrático, tem feito um bom trabalho. Segundo, porque há uma tradição na Câmara: todo presidente foi reconduzido, ficou dois anos — pontuou o prefeito em conversa com jornalistas.
Para Nunes, retirar o aliado, que já atuou como seu secretário de Transportes (2021-2023), da presidência da Câmara seria um “castigo” indevido. Ele afirmou esperar que o União Brasil tenha “sensibilidade” para rever a defesa de um rodízio interno para o cargo.
— Não existe motivo, segundo os vereadores, e eu concordo, para sacá-lo da cadeira. Agora, o que tem de fato é uma decisão do União Brasil, que a gente respeita, mas me parece que poderia haver diálogo e compreensão sobre o que é bom para a cidade e para o Legislativo — disse.
Na noite de segunda-feira (1º), porém, o União Brasil decidiu indicar o vereador Rubinho Nunes para a disputa. Como mostrou O GLOBO, a decisão provocou mal-estar com o Executivo, que deve atuar para barrar a articulação. Considerado desafeto do prefeito por ter apoiado Pablo Marçal (PRTB) na eleição municipal do ano passado, Rubinho tende a enfrentar resistência da base emedebista no Legislativo.
Segundo vereadores de siglas da direita e da centro-direita ouvidos pela reportagem, a candidatura de Rubinho está longe de ser unanimidade, e a base do prefeito deve trabalhar pela reeleição de Teixeira. Também existe a possibilidade de partidos como PL ou MDB lançarem candidatos alternativos.
A reunião que definiu o nome de Rubinho não contou com a participação de Ricardo Teixeira, que se recusou a comparecer, nem incluiu integrantes da direção municipal da sigla, presidida pelo ex-vereador Milton Leite.
No ano passado, houve um acordo entre os partidos da coligação de Ricardo Nunes para que o União Brasil ficasse com a presidência da Câmara, já que o PL ocupou a vice-prefeitura — com o coronel Mello Araújo.
Nos corredores da Câmara era citado que a gestão de Teixeira, que "tentou agradar gregos e troianos", tinha sua recondução ao cargo no horizonte. Por isso, principalmente no primeiro semestre, o vereador evitou entrar em rota de colisão com os colegas.
