Notas frias, empresas de fachada e pagamento de comissões: entenda esquema de sonegação de Marcos Valério em MG
O publicitário Marcos Valério, condenado pelo envolvimento no Mensalão, é apontado como um dos responsáveis por coordenar um esquema milionário de sonegação fiscal em Minas Gerais, em parceria com empresários do setor de varejo e supermercados.
Nessa terça-feira, uma operação do Ministério Público cumpriu mandados de busca e apreensão para coletar provas sobre a prática criminosa.
Segundo documento obtido pela TV Globo, que embasou as buscas, Valério é apontado pela Justiça como integrante do núcleo executivo da organização criminosa, com posição superior sobre os demais investigados. Fontes da investigação afirmam que ele coordenava o esquema e auxiliava empresários do setor atacadista na sonegação de impostos. Mais de 100 empresas são suspeitas de envolvimento.
À CBN, o advogado que representa Valério, destacou que, embora ainda não tenha tido acesso aos autos, confia no Poder Judiciário e está à disposição para prestar esclarecimentos. Também afirmou que não foi "localizado qualquer material de ilícito" durante as buscas.
Ministério Público, Receita Estadual e Polícias Civil e Militar detalharam a operação
Victor Veloso / CBN
Como era o esquema
De acordo com os investigadores, o esquema descoberto é complexo e envolvia compra e venda de produtos com emissão de notas fiscais falsas, inclusive por meio de empresas de fachada criadas exclusivamente para essa finalidade. A suspeita é que a atuação criminosa se estenda por pelo menos seis estados, segundo a procuradora Janaína de Andrade Dauro.
“Já foi identificada a presença de empresas, muitas delas de fachada, localizadas em outros estados e que já são alvo de investigações por outros Ministérios Públicos. Ao final, é praxe o compartilhamento dessas informações com outras receitas estaduais e órgãos de investigação”, explicou a procuradora.
As apurações indicam a existência de dois núcleos dentro do esquema: um formado por intermediários que recebiam comissões sobre os valores sonegados e outro composto pelos empresários beneficiários da fraude, como detalha Janaína.
“Muitas dessas pessoas atuavam como intermediárias e recebiam comissões ou porcentagens sobre os valores transacionados. Outras eram os beneficiários reais da sonegação, que obtinham proveito direto do crime”, disse.
Próximas fases
A operação teve como objetivo cumprir mandados de busca e apreensão em sedes de empresas e residências de empresários e funcionários. Foram apreendidos celulares, documentos, equipamentos eletrônicos e três veículos de luxo. A Justiça também determinou a indisponibilidade de bens no valor de R$ 476 milhões.
Além das fraudes fiscais, o Ministério Público apura indícios de corrupção e financiamento ilícito.
