Único sobrevivente do desabamento da ponte JK desabafa nas redes sociais: 'Por que não tiveram preocupação em arrumar antes da tragédia?'
O único sobrevivente do desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira desabafou nas redes sociais sobre a tragédia. A estrutura, que liga os municípios de Aguiarnópolis, no Tocantins, e Estreito, no Maranhão, foi reinaugurada nesta segunda-feira. Jairo Rodrigues, de 37 anos, perdeu a esposa e a filha de três anos no acidente, que vitimou outras 12 pessoas e deixou três ainda desaparecidas em 22 de dezembro de 2024.
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Um vídeo publicado por Jairo na mesma data em que aconteceu a tragédia e a inauguração da nova ponte viralizou no Instagram. "Hoje faz um ano que perdi minha filha e minha esposa, as pessoas mais importantes da minha vida, e hoje também estão inaugurando a nova estrutura", disse o homem emocionado.
Segundo o sobrevivente, as famílias que perderam seus entes queridos não foram amparadas pelas autoridades responsáveis. "A ponte vai voltar a funcionar e nada foi feito pelas famílias que perderam seus familiares. É muito fácil trabalhar o ano inteiro pra inaugurar a ponte no mesmo dia que aconteceu a tragédia. Ninguém fez nada pela gente. Porque não tiveram preocupação em arrumar a ponte antes da tragédia, já que era uma ponte tão antiga e que precisava de manutenção?", questionou.
Jairo compartilha frequentemente fotos de sua companheira Cássia Tavares e de sua filha de Cecilia, que morreram no acidente. Ele lembra que o último momento com elas antes do acidente, quando pararam para comer durante a viagem. "Esse foi o último momento que tivemos juntos, depois pegamos a estrada novamente. Até hoje me pergunto porque não ficamos mais uma hora ali?".
O homem revelou que atualmente mora com a mãe, pois não consegue voltar para a casa em que vivia com a família.
O acidente aconteceu no dia 22 de dezembro de 2024, pouco antes das 15h, quando o vão central da ponte, construída em 1960, colapsou e derrubou grande parte da estrutura. Veículos de diferentes portes que faziam a travessia foram parar no fundo do Rio Tocantins juntamente com seus ocupantes.
Além das perdas humanas, com 14 mortes confirmadas e três desaparecidos, a tragédia causou grande impacto logístico e gerou preocupações sobre a contaminação das águas devido à queda de caminhões carregados com substâncias tóxicas, como ácido sulfúrico e agrotóxicos.
Conforme apurado pelo g1, em julho de 2025, a Polícia Federal (PF) concluiu que a causa do colapso foi o excesso de peso aliado à deficiência estrutural e falta de manutenção. O inquérito do caso segue em andamento.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegou a abrir uma sindicância para apurar as causas do desabamento e exonerou o superintendente responsável pelo trecho, mas a investigação ainda não foi finalizada.
"O Dnit esclarece que foi aberta na Corregedoria uma Investigação Preliminar Sumária (IPS). A investigação visa a elucidação das responsabilidades da queda e, como ainda está em andamento, não é possível antecipar detalhes do trabalho", afirmou em nota.
Inauguração da nova ponte
A inauguração da nova ponte JK aconteceu um ano após a tragédia, nesta segunda-feira. Nas redes sociais, os governadores do Maranhão e do Tocantins comemoraram o feito.
Carlos Brandão, governador do Maranhão, afirmou em um vídeo que além de ser um momento de muita alegria é também o de recomeçar. O parlamentar se solidarizou com as famílias que perderam seus entes queridos na queda e agradeceu aos trabalhadores que participaram da construção da estrutura: "A ponte foi feita em tempo recorde", disse.
Wanderlei Brandão (Republicanos), governador do Tocantins, reiterou o feito de terem entregado a ponte em apenas um ano. "É um dia de alegria e resgate de sorriso para o povo do Maranhão e do Tocantins", falou em um vídeo publicado no Instagram.
Estagiária sob supervisão de Júlia Cople
