MunicÃpios usam fogo em plano de manejo contra as queimadas
Com a instituição, no ano passado, de uma polÃtica nacional que obriga estados a elaborarem Planos de Manejo Integrado do Fogo (PMIFs), municÃpios que sofrem com incêndios florestais também começaram a se mobilizar para implementar estratégias de resiliência ao fogo. A ideia é reduzir riscos, fortalecer a capacidade de resposta e, ao mesmo tempo, reconhecer o papel ecológico do fogo, permitindo a utilização dele de maneira sustentável.
Na Mata Atlântica — bioma que conserva cobertura vegetal em apenas 24% de sua área —, as queimadas são hoje o maior desafio. Segundo mapeamento do MapBiomas, só em 2024, 1,2 milhão de hectares foram afetados — maior área queimada em um único ano desde 1985. As mudanças climáticas têm deixado o tempo mais seco e a floresta mais sensÃvel ao fogo, explica a diretora de Mata Atlântica da The Nature Conservancy Brasil (TNC Brasil), Adriana Kfouri.
— O fogo não é ruim. Ruim é o incêndio. Em alguns biomas, é preciso usar queimadas controladas para diminuir o acúmulo de biomassa (galhos e folhas secas, por exemplo), que é um combustÃvel natural, e evitar incêndios de grandes proporções — afirma Kfouri.
A TNC Brasil lançou um projeto-piloto para apoiar um municÃpio de cada unidade federativa na estruturação de PMIFs. Em Minas Gerais, Pouso Alto, que faz parte do Consórcio Ambiental Altos da Mantiqueira, foi escolhido após enfrentar intensos incêndios em 2024. Trabalhando no plano desde abril, o municÃpio criou uma brigada municipal para o combate à s chamas e fez parcerias com o governo estadual para equipar e treinar os brigadistas.
Segundo o prefeito de Pouso Alto, Raulysson Magella Mancilha Júnior (PSB), a brigada tem feito a diferença para que o fogo no municÃpio seja controlado com rapidez:
— A demanda em todo o estado é grande, e o Corpo de Bombeiros nem sempre consegue atender. Com a brigada municipal, o tempo de resposta é muito menor.
Piracaia (SP) iniciou a implementação do PMIF em junho. A brigada municipal já foi formada, e o próximo passo é criar brigadas comunitárias. O municÃpio passou a realizar fiscalizações ambientais, inaugurou um sistema de monitoramento e ainda visa promover mudanças na legislação que abram caminho para que queimas prescritas reduzam o risco de incêndio.
— Negar os usos tradicionais do fogo não vem sendo eficaz. Com a regulamentação, produtores rurais poderão obter licenciamento para queimadas e receber apoio técnico — diz a assessora de desenvolvimento urbano na Secretaria de Obras, Agricultura e Meio Ambiente da Prefeitura de Piracaia, Fernanda Cabral.
