MP denuncia publicitário por feminicídio e esquartejamento em Porto Alegre

 

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O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou o publicitário Ricardo Jardim, de 66 anos, pelo assassinato e esquartejamento da namorada, Brasília Costa, 65, conhecida por amigos e familiares como Bia. O caso envolve ainda acusações de falsificação de documentos, uso de identidade falsa e ocultação de partes do corpo da vítima em diferentes pontos de Porto Alegre.

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A denúncia foi apresentada nesta segunda-feira (3), durante coletiva de imprensa na sede do MPRS, com a presença do procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, e das promotoras Luciana Casarotto e Luciane Wingert, responsáveis pelo caso. Segundo o Ministério Público, Jardim cometeu oito crimes: feminicídio com agravantes, pela idade da vítima e por dificultar sua defesa; vilipêndio e ocultação de cadáver; falsa identidade; falsificação e uso de documentos falsos; invasão de dispositivo informático e furto.

Após o homicídio, cometido entre os dias 8 e 9 de agosto, o publicitário teria esquartejado o corpo com uma serra no quarto de uma pousada na zona norte da capital. De acordo com a investigação, ele embalou partes do corpo e as escondeu em diferentes locais: membros superiores e inferiores foram localizados em um córrego e nas margens do Guaíba; o torso foi encontrado dentro de uma mala deixada no guarda-volumes da rodoviária, no dia 20 de agosto. A cabeça da vítima ainda não foi localizada.

A promotora Luciana Casarotto destacou que o Ministério Público busca reposicionar o olhar sobre o crime, até agora amplamente tratado como “o caso da mala”:

— Peço que não tratem mais de caso da mala, não é uma mala, é uma mulher de 65 anos covardemente morta e tem nome, Brasília Costa. E nossa proposta é chamarmos de Caso Bia — afirmou.

O procurador-geral Alexandre Saltz também criticou o vazamento de depoimentos durante a investigação e ressaltou que o caso representa falhas no sistema penal:

— é um crime que chocou a todos por várias razões, pela crueldade, pela forma como ocorreu e por situações que apareceram. Uma delas foi um fato cometido por uma pessoa que deveria estar presa — disse.

Ricardo Jardim estava foragido desde que obteve progressão para o regime semiaberto, sem tornozeleira eletrônica. Ele foi preso no dia 4 de setembro, após a polícia analisar imagens de câmeras de segurança que o flagraram deixando a mala na rodoviária e circulando pela cidade.

O publicitário já havia sido condenado em 2019 pela morte da própria mãe, Vilma Jardim, encontrada concretada dentro de um móvel em seu apartamento, também em Porto Alegre. A nova acusação, segundo o MPRS, poderá agravar a pena, por se tratar de reincidência específica em crime violento.