Motta convoca líderes para debater resposta institucional após operação mirar ex-assessora de Lira
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), convocou líderes partidários da Casa para uma reunião nesta sexta-feira em Brasília, horas após operação da Polícia Federal (PF) mirar uma ex-assessora de Arthur Lira (PP-AL).
A informação foi confirmada pela reportagem com seis interlocutores de Motta. A ideia, de acordo com relatos, é discutir eventuais ações que os deputados podem tomar como resposta à operação. Um deles diz que é preciso dar uma resposta institucional em defesa da Câmara.
Nesta sexta-feira, a PF deflagrou nova operação para apurar suspeitas de desvios de emendas parlamentares e realizou buscas e apreensão em uma sala na Câmara. A corporação investiga os crimes de peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção. O alvo foi Mariângela Fialek, ex-assessora de Lira, e atualmente está lotada na liderança do PP. Lira não é alvo da operação.
Tuca, como é conhecida entre os parlamentares, é apontada por deputados como quem operava a distribuição e liberação desses recursos no período em que Lira presidiu a Casa. De perfil técnico, recebia em sua sala parlamentares de todos os partidos.
A cúpula da Casa criticou fortemente a operação, falando em exageros e classificando como uma tentativa do Supremo em fragilizar o Parlamento. Além disso, deputados também dizem enxergar dedo do Palácio do Planalto nas operações que miram o Congresso e afirmam que esse tensionamento poderá dificultar o andamento de matérias prioritárias para o governo ainda neste ano.
Um aliado de Motta diz também que é preciso envolver o Senado nas conversas, para buscar uma resposta conjunta do Legislativo. Outro interlocutor próximo do presidente da Câmara diz que é importante dar uma resposta de união dos líderes partidários, num momento em que Motta tem sua autoridade no comando da Câmara questionada por deputados.
A operação foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ocorre num momento de ruídos entre o Judiciário e o Legislativo.
A defesa da ex-assessora de Lira negou irregularidades e afirmou que a atuação dela sempre foi “técnica e apartidária”.
"Era responsável tecnicamente pela organização das emendas parlamentares, nos exatos termos do que decidido pela Presidência da Casa e por todos os líderes partidários indistintamente (Colégio de Líderes). Sua atuação era estritamente técnica, apartidária e impessoal, nos exatos termos do que dispõe a LC 210/2024, editada em cumprimento às decisões do Supremo Tribunal Federal", diz a nota assinada pelos advogados Luis Inácio Lucena Adams e Maria Claudia Bucchianeri
Os defensores acrescentam que “todo o material de trabalho” dela é público.
“Todas as informações dali constantes, sobre indicações de emendas, são encaminhadas à Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, onde podem também ser encontradas, além de serem publicadas no Portal da Transparência, tal como determinou o Supremo Tribunal Federal”.
Caso Zambelli
Na quinta-feira, o ministro Alexandre de Moraes declarou nula a decisão da Câmara que preservou o mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que está presa na Itália. Com a decisão, Moraes decretou a perda imediata do mandato parlamentar e determinou que Motta efetive a posse do suplente no prazo máximo de 48 horas, conforme o artigo 241 do Regimento Interno da Casa.
De acordo com dois interlocutores de Motta, a tendência é que o presidente só delibere sobre o caso de Zambelli na segunda-feira (15).
