Ministério Público denuncia 20 pessoas na Grande SP por esquema para transformar cervejas baratas em rótulos famosos

 

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O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou nesta segunda-feira (6) um grupo de 20 pessoas flagradas adulterando garrafas de cerveja em um galpão em Ferraz de Vasconcelos, na região metropolitana de São Paulo. De acordo com documento, o grupo utilizava garrafas vazias, máquinas de impressão, além de rótulos e tampas de diversas marcas de cerveja para falsificar bebidas.

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“Agentes surpreenderam os denunciados em plena execução do processo de adulteração, realizando a troca de rótulos e tampas de garrafas de cerveja, conferindo-lhes aparência de marcas de maior valor comercial”, informou o promotor Felipe Ribeiro Santa Fé, autor da denúncia.

No galpão, foram apreendidas caixas e garrafas vazias, prensas manuais, barris de chope e outros itens usados na manufatura das bebidas falsificadas. Apesar de o MP-SP ter solicitado exames para verificar a presença de metanol — em razão da recente onda de contaminações causadas pelo solvente em bebidas adulteradas —, até o momento não há registro de contaminação envolvendo cervejas, apenas destilados.

— A cerveja não é bem falsificada porque o processo de fermentação é difícil de ser copiado. O que eles fazem é pegar uma cerveja muito ruim e colocar o rótulo de uma cerveja muito boa, daí vem o lucro. As bebidas destiladas são diferentes: nelas, de fato, criam uma nova mercadoria, com ingredientes que não correspondem à formulação original — explicou o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Ronaldo Sayeg.

A operação que resultou na prisão do grupo foi realizada em 23 de setembro. No total, foram apreendidas 980 caixas de cerveja, oito caixas com tampinhas de diversas marcas, um micro-ônibus, uma caminhonete, uma Kombi e um automóvel.

Até o momento, a cerveja se tornou a principal opção nos bares e restaurante de São Paulo, enquanto o poder público não encontra a origem da contaminação por metanol. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que a principal suspeita da Polícia Civil para explicar os casos é o uso de “etanol de baixa qualidade” na falsificação de destilados, que já teria vindo contaminado com a substância.

O secretário não descarta outra hipótese, aventada na semana passada, de que o metanol teria sido empregado na limpeza das garrafas usadas no envase de bebidas adulteradas, mas explicou que a nova linha de apuração é agora a principal suspeita dos investigadores.