Mapa para a eliminação dos combustíveis fósseis ganha apoios na COP30
No mesmo dia em que foi apresentado um primeiro esboço de texto decisório da COP30, a Conferência do Clima de Belém, que faz uma menção vaga a um roteiro para descontinuar o uso de combustíveis fósseis, um grupo de países liderado pelas Ilhas Marshall realizou uma coletiva de imprensa para defender que o texto, ainda em discussão, faça uma menção mais clara e contundente ao tema. O chamado “road map para a eliminação dos combustíveis fósseis”, ainda fora da negociação formal da COP, é uma das principais metas do governo Lula na convenção em Belém.
A representante das Ilhas Marshall, Tina Stege, deu as boas-vindas ao multirão climático, termo que já virou uma das marcas da COP30, e defendeu que o mapa para acabar com os combustíveis fósseis seja uma parte central da chamada transição justa, ordenada e igualitária para todos os países. Estavam com ela representantes da Alemanha, Reino Unido, Espanha, Suécia, Quênia, Serra Leoa e Colômbia. Segundo os organizadores, mais de 80 países já apoiam a ideia.
— A referência atual no texto é fraca e apresentada como uma opção. Deve ser fortalecida e cumprida — disse Stege.
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A ideia do mapa surgiu na COP28, realizada em Dubai. Desde então, pouco se avançou.
— Vamos apoiar a ideia do mapa [para a eliminação] de combustíveis fósseis, trabalhar juntos e fazer um plano — frisou a representante das Ilhas Marshall.
— É necessário ser mais precisos sobre por que é importante dar este passo agora — aponta Helena Dyrssen, secretária de Estado para o Meio Ambiente da Suécia.
Ela considera, como muitos outros países, que o mapa deveria ser uma decisão mandatada da COP30. Isso significa, no jargão diplomático, uma decisão que sai de uma negociação formal e passa como mandato para a próxima COP.
Já a ministra colombiana do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Irene Vélez Torres, disse que “a urgência da crise climática não permite atrasos. A ciência é clara e os impactos são diários e muito custosos, principalmente para o sul global”.
— Hoje, pessoas ao redor do mundo estão se mobilizando em grande escala exigindo ações concretas pela justiça climática, especialmente contra a expansão das fronteiras de extração de combustíveis fósseis. Nossa decisão categórica, respaldada pela ciência e pelos povos, foi eliminar progressivamente os combustíveis fósseis — declarou a ministra colombiana.
Em Belém, a Colômbia liderou uma iniciativa sobre o tema e já conseguiu a adesão de mais de 60 países.
— Lideramos uma declaração nesta COP que promove explicitamente que cada parte anuncie um roteiro, um mapa do caminho para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis. Junto com nossos colegas do Brasil, que presidem a COP30, dizemos que o mapa do caminho é essencial, e convocamos todos para se juntarem a este propósito coletivo — concluiu Vélez Torres.
