Manutenção neurológica | Desligar permite que seu cérebro faça algo maravilhoso

 

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Em um mundo hiperconectado, somos constantemente bombardeados por estímulos (redes sociais, e-mails, notícias e notificações que competem pela nossa atenção). Embora pareça que estamos sempre “aproveitando o tempo”, essa sobrecarga mental tem um custo: o estresse e a fadiga cognitiva. A boa notícia é que existe uma maneira simples e cientificamente comprovada de restaurar o foco e a clareza mental. "Desligar o cérebro" com momentos de atenção não direcionada pode ser promissor. Uma verdadeira manutenção neurológica. Saiba o que acontece com a atividade cerebral quando sua mente fica "em branco" Estudo global quer identificar partes do cérebro responsáveis pela consciência A teoria da restauração da atenção foi proposta pela primeira vez pelos psicólogos Rachel e Stephen Kaplan em 1989. Eles identificaram dois tipos de atenção: Atenção direcionada: exige esforço consciente, como estudar, trabalhar ou navegar em um local movimentado. Atenção não direcionada: ocorre quando a mente vagueia naturalmente, sem a necessidade de esforço, como observar o movimento das nuvens ou ouvir o canto dos pássaros. Quando passamos muito tempo em atenção direcionada, sofremos fadiga atencional, o que prejudica a concentração e aumenta a distração. Momentos de atenção não direcionada funcionam como um “descanso” para o cérebro, permitindo que ele se recupere. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Por que a natureza é tão poderosa para o cérebro? Desligar permite que seu cérebro faça algo maravilhoso (Imagem: Brooke Cagle/Unsplash) A teoria dos Kaplan se apoia em ideias antigas, como as do psicólogo William James no século XIX, e nas visões românticas sobre o poder restaurador da natureza. Estudos modernos alegam que o contato com ambientes naturais reduz a atividade da amígdala, a região cerebral associada ao estresse e à ansiedade. Até dez minutos em contato com a natureza já podem melhorar a performance em testes cognitivos e reduzir a fadiga mental. Uma caminhada de 40 minutos em um parque, por exemplo, pode trazer benefícios mensuráveis que não ocorrem em passeios por ambientes urbanos. O perigo da estimulação constante Antes da era dos smartphones, momentos “entediantes” eram comuns: esperar pelo ônibus, enfrentar uma fila ou aguardar um amigo. Esses intervalos funcionavam como pausas naturais para o cérebro. Hoje, com o celular sempre à mão, preenchemos todos os segundos com estímulos intensos (vídeos, mensagens, feeds de notícias) e, sem perceber, eliminamos as oportunidades de descanso mental. Isso dificulta a restauração da atenção e pode nos deixar mais cansados e menos produtivos. Desligar não é preguiça, é manutenção neurológica. Ao criar espaço para a atenção não direcionada, especialmente em ambientes naturais, damos ao cérebro a chance de se recuperar, reduzir o estresse e voltar a operar com mais foco e clareza. Pequenas pausas podem gerar grandes benefícios. Leia também: Cérebro armazena 10 vezes mais informação do que se pensava Cientistas assistem cérebro durante sono e conseguem prever declínio cognitivo VÍDEO | Como existe dor de cabeça se o cérebro não sente dor?   Leia a matéria no Canaltech.