Manutenção dos mandatos de Glauber Braga e Carla Zambelli vira derrota de Motta e atrito com Lira

 

Fonte:


A manutenção do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e a suspensão por seis meses do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) resultaram em derrota direta ao presidente da Câmara, Hugo Motta, mas também para o ex-presidente Arthur Lira que articulou a cassação de ambos. O caso de Glauber abriu uma frente de críticas abertas de Lira contra Motta.

Depois da manobra que permitiu a manutenção de Glauber, desafeto pessoal do ex-presidente, Lira destinou uma série de críticas a Motta num grupo do PP. Lira afirmou que a presidência está uma "esculhambação" e disse que se estivesse no cargo, teria obtido os votos necessários para a cassação.

Outros líderes também avaliam que Motta vem perdendo força nos últimos meses. Um dos episódios mais flagrantes foi a reação diante do motim de deputados da direita no plenário, durante 48 horas, em agosto. Até o momento, os parlamentares não tiveram qualquer penalização. Como uma resposta à truculência no caso em que Glauber ocupou a cadeira de Motta nesta semana, Motta deverá articular a suspensão dos deputados Marcel Van Hattem (NOVO-RS), Zé Trovão (PL-SC) e Marcos Pollon (PL-MS) na semana que vem.

O fato dele não seguir acordos também vem incomodando governistas e integrantes da oposição. Um dia antes de pautar o projeto de redução de penas que deverá beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, Motta se reuniu com a ministra Gleisi Hoffmann e não informou sobre os planos de pautar o tema.

Questionado em um evento do Todos Pela Educação em Brasília, Motta não quis se manifestar nem sobre os comentários de Lira, nem sobre a manutenção do mandato de Zambelli.

Paralelamente, o PT ingressou nesta quinta-feira com um mandado de segurança para tentar derrubar a parlamentar, que está presa na Itália. O vice-líder do PT na Câmara, Alencar Santana, comentou sobre a medida.

"Não tinha que ter a votação de ontem, do ponto de vista jurídico-constitucional, um absurdo, totalmente sem sentido. Do ponto de vista político, uma tragédia ainda maior, porque é um desrespeito da Câmara a um outro Poder. Não sei como é que a Câmara vai ficar numa situação dessa e o que vai fazer, sob pena de outras medidas judiciais contrárias."

Em agenda em Belo Horizonte, a ministra Gleisi Hoffmann afirmou que o caso de Zambelli será resolvido no Supremo. Por outro lado, comemorou a manutenção de Glauber e disse que a base se mobilizou para impedir a cassação.