Mais de 50 países apoiam fundo de florestas, mas só quatro anunciam investimentos em Belém

 

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O Brasil obteve amplo apoio político à criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), mas ainda busca a adesão de mais países para atingir a meta de US$ 10 bilhões em investimentos.

A iniciativa é a principal aposta do presidente Lula como anfitrião da COP30, que começa oficialmente na segunda-feira.

No primeiro dia da Cúpula do Clima, que reúne chefes de Estado e de governo, quatro países se comprometeram nesta quinta a fazer aportes financeiros, num valor total de US$ 5 bilhões.

Os principais anúncios foram da Noruega, que dará US$ 2,9 bilhões, e da França, que prometeu desembolsar 500 milhões de euros.

Holanda e Portugal se comprometeram com recursos para ajudar a bancar os custos operacionais do TFFF. A ajuda dos países europeus será de 5 milhões e 1 milhão de euros, respectivamente.

Até o início da conferência, apenas Brasil e Indonésia haviam anunciado contribuições de US$ 1 bilhão cada. A Alemanha indicou que deve anunciar seu aporte nesta sexta-feira.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse estar muito animado com as primeiras contribuições ao fundo, que representam 50% da meta de arrecadação até o fim de 2026.

Em entrevista após o lançamento oficial do TFFF, ele afirmou que o presidente Lula vai entrar em campo e ligar para líderes que não vieram a Belém em busca de novas contribuições.

— Estamos muito confiantes de que vamos integralizar este valor [de US$ 10 bilhões em um ano]. Estou muito animado. Já estava animado antes, estou mais animado hoje — afirmou.

Haddad relativizou o fato de 54 países terem assinado uma declaração de apoio ao TFFF, mas apenas quatro terem se comprometido com a liberação de recursos nesta quinta-feira.

— Você não pode exigir que um país que acabou de tomar conhecimento do mecanismo anuncie já [o investimento] — disse.

Principal doadora do Fundo Amazônia, a Noruega também largou na frente entre os participantes do TFFF. O primeiro-ministro Jonas Gahr Støre disse que não há tempo a perder

— É vital deter o desmatamento para reduzir os impactos das mudanças climáticas e limitar a perda de biodiversidade. Não há tempo a perder se quisermos salvar as florestas tropicais do mundo — afirmou.

Apresntada pelo Brasil, a declaração de lançamento do fundo ganhou a adesão de outros 53 países, o que indica amplo apoio político.

Segundo o embaixador Mauricio Lyrio, entre potenciais investidores do fundo estão China, Alemanha, Japão, Reino Unido e União Europeia.

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Alguns signatários do documento, como o Reino Unido, deixaram claro que não farão contribuições econômicas neste momento.

O aporte do Brasil ao TFFF é condicionado ao apoio de outros países ao fundo, que pretende arrecadar US$ 25 bilhões de nações soberanas.

A iniciativa ainda será aberta a investidores privados. A expectativa da Fazenda é arrecadar quatro dólares em capital privado para cada dólar investido por governos nacionais.

Os idealizadores do TFFF planejam distribuir US$ 4 bilhões por ano entre países que conservem suas florestas tropicais. Um quinto dos recursos deverá ser destinado a povos indígenas e comunidades tradicionais.

O objetivo do fundo é beneficiar 73 países em desenvolvimento que abrigam cerca de 1 bilhão de hectares de florestas tropicais e subtropicais úmidas. Mas as regras preveem que só serão contemplados países que desmatarem abaixo da média mundial. O Banco Mundial (Bird) será o operado dos recursos.

A declaração de lançamento do TFFF afirma que os países que aderiram ao documento estão “movidos pela urgência de proteger as florestas tropicais, indispensáveis para a manutenção da vida no planeta”.

O texto sustenta que “as florestas tropicais são essenciais para a regulação do clima, a proteção dos solos, a salvaguarda dos sistemas de água doce e a conservação da maior parte da biodiversidade do planeta”. Num dos pontos fortes do documento, os países defendem que é preciso assegurar que “as florestas tropicais valham mais em pé do que destruídas”.

Maior investidor

O fundo terá investidores, e não doadores. Os aportes da Noruega serão desembolsados ​​gradualmente até 2035 e deverão ser devolvidos até 2075.

O país nórdico estipulou uma série de condições para liberar o dinheiro. Ao menos US$ 9,79 bilhões precisarão ser garantidos por outros doadores até 2026, e a Noruega não deverá contribuir com mais de 20% do montante total.

— Proteger as florestas tropicais é um investimento em nosso futuro comum. Este fundo ajudará a proteger ecossistemas vulneráveis, essenciais para mitigar a crise climática e ambiental global. Esperamos que mais países também contribuam com financiamento — disse o Ministro do Clima e Meio Ambiente do país, Andreas Bjelland Eriksen.

Uma frustração no evento foi o anúncio de que o governo britânico não deve fazer nenhum aporte no TFFF. O Reino Unido foi um dos 12 países que ajudaram a desenhar o fundo. Portugal foi uma surpresa positiva, porque não estava no grupo fundador e ainda não havia sido procurado para contribuir.

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