Mãe é denunciada por matar filha com chumbinho em São Paulo

 

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A Promotoria de Justiça de Pontal, na Região Metropolitana de Ribeirão Preto, apresentou nesta quinta-feira uma denúncia contra Elizabete Arrabaça, acusada de matar a própria filha envenenada com uma substância conhecida como chumbinho. A aposentada, de 68 anos, responde também judicialmente por outro homicídio com características semelhantes, além de ser investigada por mais duas mortes suspeitas.

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Segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), a prisão preventiva da acusada também foi requerida pelo órgão. De acordo com a denúncia, de autoria da promotora Anne Marie Lourenco Karsten, o crime ocorreu em fevereiro deste ano, quando a vítima, Natália Garnica, de 42 anos, foi envenenada pela mãe. Natália a havia acolhido em casa dias antes.

As investigações indicam que Elizabete enfrentava sérias dificuldades financeiras e era viciada em jogos de azar, recorrendo, com frequência, ao apoio econômico dos familiares, em especial da própria vítima. Conforme o apurado, a aposentada chegou a renegociar um empréstimo consignado no valor de quase R$ 90 mil em março deste ano, um mês após a morte da filha.

Inicialmente, a causa da morte de Natália foi tratada como infarto. A reavaliação foi feita após a exumação do corpo, a pedido da polícia, e um laudo toxicológico, que confirmou a presença de chumbinho no seu organismo, reforçando a possibilidade de homicídio. O crime, segundo o MP-SP, foi premeditado e motivado por interesse patrimonial.

O órgão informou, por meio de nota, que Elizabete teria aproveitado a confiança da filha para ministrar “a substância de forma dissimulada e cruel”, sem que a vítima pudesse se defender. Após o homicídio, a acusada limpou e esvaziou o imóvel rapidamente e ainda tentou realizar transferências bancárias da conta da filha para a sua.

Morte da nora

O MP-SP destacou ainda que não se trata de um evento isolado. Em maio, Elizabete foi presa por suspeita de envolvimento na morte da nora, Larissa Talle Leôncio Rodrigues, de 37 anos, também por meio de envenenamento. A professora de pilates foi encontrada morta no apartamento em que vivia com o marido, Luiz Antônio Garnica, em Ribeirão Preto.

A professora de pilates Larissa Rodrigues foi envenenada aos poucos, sem saber que estava sendo vítima de um plano articulado pelo próprio marido, o médico Luiz Antônio Garnica, com ajuda da sogra, Elizabete Arrabaça

Reprodução

Durante a investigação, foi revelado que Larissa foi contaminada com chumbinho ao longo de uma semana, por meio de doses diluídas em alimentos. Os policiais também descobriram que Luiz teria uma amante, que chegou a ser localizada no apartamento do casal durante uma operação e passou a ser investigada.

Mãe e filho foram presos no dia 6 de maio. A defesa de Luiz, no entanto, negou envolvimento do médico no crime. Em entrevista ao GLOBO em julho deste ano, o advogado Júlio Mossin afirmou que Elizabete teria planejado sozinha o assassinato da nora. À época da prisão, o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino ressaltou que os denunciados demonstraram extrema frieza, utilizando meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e dissimulação.

Luiz foi acusado de tentar alterar a cena do crime e eliminar provas digitais e físicas, incluindo limpeza do local e exclusão de arquivos eletrônicos. Após o homicídio, ele demonstrou pressa para acessar o dinheiro da esposa, chegando a realizar transações e pagamentos com o cartão e aplicativo dela. Já o terceiro caso em que Elizabete é investigada envolve uma amiga com quem teria uma dívida. A vítima chegou a ficar internada, mas sobreviveu e prestou depoimentos à polícia.

* Estagiária sob supervisão de Alfredo Mergulhão