Maduro anuncia abate de nove aeronaves supostamente ligadas ao narcotráfico em meio a tensões com os EUA
Em meio ao pico de tensão após a confirmação do presidente americano, Donald Trump, do primeiro ataque dos EUA em território venezuelano, o líder chavista, Nicolás Maduro, anunciou que as Forças Armadas do país derrubaram nove aeronaves suspeitas de vínculo com o narcotráfico perto das fronteiras com Brasil e Colômbia. Sem uma manifestação oficial de Caracas sobre o suposto bombardeio americano, a fala de Maduro foi apontada por analistas como uma tentativa de controlar a narrativa sobre o combate às organizações criminosas.
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— Parabenizo nossa Força Armada Nacional Bolivariana, a nossa aviação militar, por estarem vigilantes — disse Maduro em uma transmissão em cadeia nacional de rádio e televisão na terça-feira, sem mencionar o suposto ataque americano. — Vamos culminando um ano de ofensiva contra grupos criminosos e todos os inimigos da pátria.
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Em uma nota publicada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Maduro é citado em uma declaração comemorando o que chama de "recorde mundial", pelo abate das nove aeronaves em 24 horas. Uma nota publicada pela sigla no dia anterior apontou que os abates teriam sido realizados nos estados de Apure e Amazonas, no sul do país, com um total de 39 operações no ano.
Analistas apontaram que as declarações de Maduro sobre o combate ao narcotráfico estão inseridos em uma disputa narrativa com Trump, em um momento em que o presidente dos EUA avança com a campanha de pressão total contra o regime chavista, sob justificativa de combater o tráfico. O esforço retórico do líder venezuelano seria uma resposta à linha oficial de Washington.
— A Venezuela tem um modelo exemplar, único na América do Sul, de combate ao crime, aos grupos criminosos e ao narcotráfico, por terra, por ar e por mar — disse Maduro, em fala registrada na nota publicada on-line pelo partido governista.
Além das aeronaves, as forças venezuelanas também teriam bombardeado quatro instalações utilizados por grupos envolvidos com o narcotráfico, segundo as autoridades.
Trump tenta associar Maduro ao tráfico internacional de drogas, que ele e o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, equipararam ao terrorismo no Hemisfério Ocidental. O Pentágono aumentou em agosto para US$ 50 milhões (R$ 275 milhões, aproximadamente) a recompensa oferecida por informações que levem à captura do líder chavista, apontado como líder do Cartel de los Soles, uma organização criminosa apontada por Washington, que especialistas afirmam não existir formalmente.
A ação contra grupos criminosos, muitos deles listados como organizações terroristas por Trump, tem sido usada por forças americanas como pretextos para mobilizar equipamentos militares e disparar na região. O primeiro ataque em solo venezuelano — que segundo fontes americanas foi lançado pela CIA — teria mirado um porto usado pelo grupo criminoso Tren de Aragua. (La Nacion e AFP)
