Lula sinaliza indicação de Messias ao STF, e aliados esperam definição
Após conversa na noite de segunda-feira com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou a aliados que anunciará a escolha do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos dias. A expectativa no governo é que o anúncio ocorra nesta quarta-feira, antes de Lula viajar para a cúpula do G20, na África do Sul.
Pacheco é o preferido de seus colegas para a vaga no Supremo. Mas, na conversa com ele na segunda-feira, o petista, segundo aliados, indicou a sua preferência por Messias. Para o senador, o presidente havia reservado o posto de candidato ao governo de Minas Gerais. Mas Pacheco repetiu a Lula que tem a intenção de encerrar a sua vida pública ao final do atual mandato, em 2026.
Na visão de auxiliares do presidente, caso Pacheco saísse da conversa com um acordo para disputar o governo mineiro, indicaria aos demais senadores, que defendem o seu nome para o Supremo, um cenário pacificado com o presidente. Como isso não aconteceu, as resistências a Messias, na visão do Palácio do Planalto, podem se acirrar.
Caso tenha a indicação confirmada, Messias terá de ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e depois aprovado por pelo menos 41 parlamentares no plenário. As únicas três vezes em que a Casa barrou nomes foram em 1894, na Primeira República, durante o governo de Floriano Peixoto.
Na semana passada, a votação apertada no Senado para a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, despertou um alerta em aliados do governo. Gonet foi aprovado para um novo mandato na PGR por 45 votos a 26, placar mais apertado desde a redemocratização.
Ontem, Lula passou o dia em Belém em reuniões relacionadas à COP30, e hoje o presidente ficará durante a manhã na capital federal e viajará à tarde para São Paulo, onde participará da cerimônia de abertura do Salão do Automóvel. De São Paulo, embarca para África do Sul. O retorno ao Brasil acontecerá na terça-feira. A viagem incluirá também uma visita a Moçambique.
Demora na escolha
De acordo com aliados, Lula foi para a conversa com Pacheco, na noite de segunda-feira no Planalto, com a expectativa de que Pacheco aceitasse ser o seu candidato em Minas no ano que vem. Mas mesmo com a preferência ampla dos senadores por Pacheco, já manifestada pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), no dia 20 de outubro em reunião no Palácio da Alvorada, Lula não se mostra disposto a rever a sua decisão de indicar Messias.
Na conversa com Pacheco, Lula disse ao senador, segundo aliados, que teria um outro caminho que não ele ao STF, em referência à sua preferência pela indicação de Messias.
Depois de um mês da aposentadoria de Luís Roberto Barroso, o atual processo de escolha de seu sucessor já é o quarto mais demorado dos três mandatos de Lula como presidente da República. A espera reforça a tendência do petista na atual gestão, na qual os dois ministros escolhidos até aqui foram os que ele mais demorou antes de indicar: Flávio Dino, em 58 dias, e Cristiano Zanin, em 51.
Depois deles, a única ainda à frente da atual espera foi Carmen Lúcia, definida por Lula após 42 dias em 2006. Os outros sete ministros que o presidente colocou na Corte precisaram de menos de 20 dias até a indicação.
