Lula reforça discurso de 'justiça tributária' em pronunciamento sobre isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil

 

Fonte:


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento oficial na noite deste domingo sobre a lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) a quem ganha R$ 5 mil mensais. Ao comentar a medida, aprovada por unanimidade no Congresso, Lula afirmou que “o Brasil mudou nessa última semana” e que, pela primeira vez em mais de um século de existência do IR, "privilégios de uma pequena elite financeira deram lugar a conquistas para a maioria do povo brasileiro".

Em pronunciamento em rede nacional de TV, Lula reforçou o discurso de combate à desigualdade. A ampliação da isenção do IR é uma promessa de campanha do petista em 2022 e deve ser um dos seus principais trunfos na campanha para a reeleição no ano que vem.

Em uma fala com tom eleitoral, Lula citou também uma série de programas do governo, como o Bolsa Família, o Pé de Meia, o Luz do Povo (que subsidia a conta de luz de famílias de baixa renda) e o Gás do Povo (que, por meio de subsídios, permite que famílias de baixa renda recarreguem botijões de gás gratuitamente).

Sobre a isenção do IR, Lula exemplificou como a medida beneficia quem tem renda de até R$ 7.300. A alíquota de IR será reduzida dos R$ 5 mil até essa marca.

"Se você ganha até R$ 5 mil reais por mês, dezembro será o último mês que você terá desconto de imposto de renda no contracheque. E essa mesma lei reduz o imposto de quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350, que agora vai pagar menos do que pagava. Com zero de Imposto de Renda, uma pessoa com salário de R$ 4.800 pode fazer uma economia de R$ 4 mil em um ano. É quase um décimo-quarto salário", disse Lula.

O presidente reforçou o discurso de que busca promover "justiça tributária" ao afirmar que as medidas compensatórias da perda de arrecadação com a ampliação da isenção de IR virão da tributação dos mais ricos, o que deve atingir cerca de 140 mil pessoas. Lula ainda citou dados da Receita Federal de que a medida deve injetar R$ 28 bilhões na economia.

"O mais importante: a compensação não virá de cortes na saúde ou na educação, mas da taxação dos super-ricos, que ganham mais de 1 milhão por ano e hoje não pagam nada ou quase nada de imposto. Estamos falando de 0,1% da população. De gente que ganha 10, 20, 100 vezes mais que 99% do povo brasileiro, e que vai contribuir com até 10% de imposto sobre a renda, para dar um alívio às famílias que trabalham, lutam e movem esse país", salientou o presidente.

"Quem vive do suor do seu trabalho e constrói de fato a riqueza deste país paga até 27,5% de imposto de renda. Já quem vive de renda paga apenas 2,5% em média. Quem mora em mansão, tem dinheiro no exterior, coleciona carros importados, jatinhos particulares e jet-skis, paga dez vezes menos do que uma professora, um policial ou uma enfermeira", disse Lula em seu discurso.

Lula apresentou a lei do IR como parte de uma estratégia mais ampla de enfrentamento da desigualdade, que ele definiu como "a menor da história", em alusão a uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) segundo a qual o páis registrou no ano passado os menores níveis de desigualdade e pobreza e os melhores de renda desde o início da série histórica iniciada em 1995.

Lula citou dados de concentração de riqueza segundo os quais "o 1% mais rico acumula 63% da riqueza do país", enquanto a metade mais pobre "detém apenas 2%". Para o presidente, a reforma do IR é "um passo decisivo", embora não o único.