Lula fala em 'apocalipse climático' e propõe perdão de dívidas para acelerar transição energética
O presidente Lula afirmou nesta sexta-feira que a Terra "não comporta mais" o uso intensivo de combustíveis fósseis. Ele defendeu o perdão de dívidas de países em desenvovlimento em troca de investimentos na transição energética.
No segundo dia da Cúpula do Clima, em Belém, Lula falou em "apocalipse climático" e voltou a cobrar ações concretas para frear o aquecimento global.
— A Terra não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis que vigorou nos últimos 200 anos — disse o presidente. — Não podemos nos omitir ou intimidar — acrescentou.
Lula disse que a Guerra da Ucrânia reverteu anos de esforços para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Ele voltou a cobrar o fim dos conflitos armados e o direcionamento das verbas de defesa para a transição climática.
— Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático. Não haverá segurança energética num mundo conflagrado — afirmou.
O presidente não fez referência aos planos do Brasil para ampliar a produção de combustíveis fósseis com a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas.
Ele disse que o país foi o primeiro a "investir em larga escala" em energias renováveis e é hoje o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis.
Em esforço para se apresentar como líder do Sul Global, Lula propôs trocar dívida externa por investimentos em ações climáticas.
— Sem equacionar a injustiça de dívidas externas impagáveis e sem abandonar condicionalidades que discriminam países em desenvolvimento, andaremos em círculos — disse.
— Um processo justo, coordenado e equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis demanda um acesso a tecnologia de financiamento para o Sul Global — conluiu.
