Lula e Trump: encontro pode ocorrer em 'janela' antes de reunião com países asiáticos

 

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O esperado encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump poderá ocorrer no próximo domingo, dia 26, pelo horário de Brasília, antes da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia. Por conta do fuso horário, na capital malaia, Kuala Lumpur, a reunião já seria dia 27.

Interlocutores do governo Lula afirmam que essa é a expectativa, mas ressaltam que a reunião ainda não está confirmada, embora as chances de que ocorra sejam elevadas, considerando que ambos os mandatários estarão em Kuala Lumpur.

O presidente Lula embarca nesta terça-feira para uma missão oficial ao Sudeste Asiático. Ele terá compromissos em Jacarta, Indonésia, nos dias 23 e 24 de outubro, e em Kuala Lumpur, nos dias 25 a 27, onde fará uma visita de Estado ao primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, e participará como convidado da reunião da Asean.

O encontro entre Lula e Trump ocorrerá em um momento estratégico para as relações entre Brasil e Estados Unidos, após a imposição de tarifas elevadas sobre produtos brasileiros e a aplicação de sanções contra cidadãos nacionais, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo a Casa Branca, essas medidas têm relação com o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF.

Autoridades que acompanham o tema em Brasília avaliam que a reunião poderá representar o início de uma mudança na relação bilateral, abrindo caminho para negociações comerciais e diálogo político mais estável. A expectativa é de que haja disposição de ambos os lados para superar a pior crise em mais de 200 anos de relações entre Brasil e Estados Unidos.

Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se em Washington com o secretário de Estado americano, Marco Rubio. Segundo participantes, Vieira e Lula limitaram as discussões a temas econômicos, evitando citar questões internas sensíveis, como a situação envolvendo Bolsonaro.

Durante o encontro em Washington, ficou definido que temas comerciais — incluindo o chamado tarifaço e a investigação contra o Brasil aberta pela Seção 301 da legislação de comércio americana — serão conduzidos pelo USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Já questões políticas e diplomáticas, como as sanções impostas a cidadãos brasileiros e a situação envolvendo os EUA e a Venezuela, permanecerão sob responsabilidade de Vieira e Rubio.

Em 9 de julho deste ano, Donald Trump anunciou uma sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros, que se somou à tarifa de 10% já aplicada a todos os países que mantêm comércio com os EUA. Trump condicionou uma negociação comercial com o Brasil ao arquivamento do processo contra Bolsonaro. O governo Lula reagiu, afirmando que Trump interferia em assuntos internos e que os poderes no país são independentes.

Vieira solicitou a suspensão do tarifaço enquanto durarem as negociações entre os dois países, reiterando o pedido feito por Lula ao presidente americano em conversa telefônica ocorrida há cerca de duas semanas.

Correção: Uma versão anterior deste texto informou que a expectativa do governo brasileiro é que a reunião entre Lula e Trump poderia ocorrer no dia 27 de outubro. Essa data, porém, considerava o fuso horário da Malásia, e não do Brasil. Pelo horário de Brasília, o encontro, se confirmado, seria no dia 26 de outubro.