Lula diz ser grato ao Congresso em meio à crise com Câmara e Senado: 'Na questão econômica, foi muito correto'

 

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Em meio à escalada da crise entre o governo federal e o Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira, ser grato aos senadores e deputados pela aprovação de projetos da pauta econômica enviados pelo Executivo ao Parlamento.

— Eu sou muito grato a tudo que o Congresso fez por nós nesses três anos de governo, tanto Senado quanto Câmara, aquilo que não aprovaram, possivelmente porque a gente não teve capacidade de convecê-los a aprovar. Mas na questão econômica, o Congresso foi muito correto esse tempo todo com o meu governo — disse o presidente em evento na Apex Brasil, em Brasília.

Lula ainda relembrou que o governo tem minoria no Congresso, e disse que as tensões devem se resolver após as eleições, em outubro do ano que vem:

— Quando eu cheguei na Presidência eu tinha 70 deputados em 513, nove senadores em 81. Quantos de vocês pensaram que não daria para governar, e não tivemos um projeto importante que não foi votado e aprovado com a contribuição do Congresso, dos partidos políticos, daqueles que votaram em mim, contra, no outro. Uma eleição é como num jogo de futebol, terminou a eleição, vamos tratar de fazer com que as coisas deem certo nesse país — afirmou Lula.

A declaração acontece diante da piora da relação do Palácio do Planalto com o Congresso, principalmente após a aprovação do projeto de lei que prevê redução de penas impostas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro na Câmara dos Deputados. O governo tem sustentado que o Congresso Nacional está adiantando a disputa das eleições presidenciais no ano que vem, atuando a favor de pautas da oposição.

O texto de redução de penas ainda deve ser avaliado pelo Senado, onde o presidente Davi Alcolumbre escalou a crise com o governo, após Lula indicar o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

A tensão entre os Poderes se estende desde a derrubada de decreto presidencial sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso, em junho. Desde então, acumularam-se episódios de desgaste, como a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem pela Câmara — depois derrubada no Senado, a aprovação da urgência do projeto da anistia, a proposta da redução de penas para a trama golpista, o tratamento dado aos bolsonaristas amotinados e a escolha de Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no governo de São Paulo, para relatar o projeto Antifacção.

Abertura de mercados

Lula participou nesta segunda da celebração pela abertura de 500 mercados internacionais entre 2023 e 2025, sob a liderança do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com a participação da ApexBrasil, do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços. A solenidade também marca a inauguração da sede própria da agência, em Brasília.

Também estavam presentes no evento o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Comércio, Geraldo Alckmin, e os ministros Cárlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário. O empresário Wesley Batista, coproprietário da gigante brasileira de processamento de carne JBS, também participou do evento.

Segundo o Mapa, as novas aberturas de mercados já resultam em um total de US$ 3,4 bilhões em exportações brasileiras. Os novos comércios têm potencial de exportação de mais de US$ 37,5 bilhões por ano, de acordo com estimativas da pasta.