Lula discursa na Cúpula de Belém e destaca primeira COP no 'coração da Amazônia'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu nesta quinta-feira a Cúpula dos Chefes de Estado, que reúne líderes globais nos dias que antecedem a COP30. O brasileiro O encontro de lideranças globais marca a última etapa antes do início da conferência do clima na próxima segunda-feira.
Newsletter da COP30: Direto de Belém, a equipe do GLOBO manda notícias da conferência mundial sobre o clima; inscreva-se
Leia mais: Cúpula de líderes começa com aposta brasileira em fundo de florestas, que já enfrenta obstáculos
— Passados mais de 30 anos da cúpula da terra no Rio de Janeiro, a comissão do clima regressa ao país onde nasceu — disse Lula ao iniciar o discurso no evento — Pela primeira vez, uma COP do clima terá lugar no coração da Amazônia. Não há símbolo maior da causa ambiental do que a floresta amazônica.
O presidente brasileiro reforçou no discurso a necessidade de se manter os compromissos assumidos no Acordo de Paris, citando dados que indicam a tendência de aumento da temperatura global. Ele também relacionou a COP30 com outros dois eventos globais sediados pelo Brasil durante o seu mandato:
— No G20 colocamos na mesma mesa os ministérios do Meio Ambiente e de Finanças das 20 economias responsáveis por cerca de 80% das emissões globais. Nos BRICS, reafirmamos a centralidade do financiamento climático, da capacitação e transferência de tecnologia — disse Lula, que acrescentou em seguida — Belém honrará os legados da COP28 e 29. Acelerar a transição energética e proteger a natureza são duas maneiras mais efetivas de conter o aquecimento global
O presidente brasileiro afirmou também que existem "dois descompassos" que afetam o avanço da pauta ambiental. O primeiro deles é a "desconexão entre os salões diplomáticos e o mundo real":
— As pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas médias de carbono, mas sentem a poluição. Podem não compreender o que são sumidouros de carbono ou reguladores climáticos, mas reconhecem o valor das florestas e dos oceanos — disse Lula.
Para o presidente brasileiro, o segundo descompasso no enfrentamento às mudanças climáticas se dá no "descasamento entre contexto geopolítico e a urgência climática":
— Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado. Rivalidade estratégicas e conflitos armados desviam atenção e drenam recursos que deveriam ser canalizados para o enfrentamento do aquecimento global.
Lula também fez referências às críticas quanto a decisão de sediar a conferência em Belém, que enfrentou desafios quanto a hospedagem e infraestrutura para receber as delegações internacionais:
— Eu queria antes de terminar a minha fala pedir a vocês que temos de agradecer a disposição de fazer essa COP da Amazônia na Amazônia. Muita gente acreditava que não seria possível trazer para o estado do Amazonas uma COP, porque as pessoas estão mais habituadas a desfilar por grandes cidades.
A maior parte das delegações enviou vice-presidentes, vice-primeiros ministros e ministros. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o o presidente chinês, Xi Jinping, não estão presentes.
Entre os líderes mundiais que se encontram no evento estão o presidente francês Emmanuel Macron, o espanhol Pedro Sánchez, o chileno Gabriel Borić e o colombiano Gustavo Petro, além de Keir Starmer, primeiro-ministro britânico, Luís Montenegro, primeiro-ministro português, e Friedrich Merz, chanceler e primeiro-ministro alemão. Nomes da realeza europeia também figuram entre os convidados, como o príncipe William, que representa o pai, Charles III, e o rei e a rainha da Suécia, Carl XVI Gustaf e Silvia.
A principal aposta de Lula para a COP30 é o recém-lançado Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), que visa obter recursos para preservar esses biomas. O governo que conseguir alavancar o número de adesões ao projeto. Na quarta-feira, o Reino Unido, representado na cúpula pelo príncipe de Gales e o primeiro-ministro, afirmou que não pretender financiar o fundo.
