Lula dá posse a ministro do Turismo, tenta atrair parte do Centrão e faz aceno a Motta, que retribui com apoio

 

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse nesta terça-feira ao novo ministro do Turismo, Gustavo Feliciano, em uma tentativa de atrair parte do Centrão para a campanha à reeleição no ano que vem e num aceno ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que deu aval à escolha.

O novo titular da pasta é filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB) e vai substituir Celso Sabino. A troca foi anunciada por Lula na semana passada, após Sabino ser expulso do União Brasil por desobedecer a ordem da legenda de deixar seu cargo no governo.

Feliciano e Motta são aliados, o que fez o presidente da Câmara participar da cerimônia no Palácio do Planalto após semanas de tensão na relação entre Executivo e Legislativo com a aprovação do projeto que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados com a redução de pena na trama golpista, medida que Lula já anunciou que vai vetar.

Feliciano fez menções diretas ao apoio de Motta e disse que o "Ministério do Turismo é a sua casa":

— Um destaque especial que eu gostaria de fazer para o maior líder do meu estado, que neste momento não é só da Paraíba, mas do Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. Presidente Hugo, um paraibano assumir o Ministério da República é um reflexo incontestável da sua discreta, mas inegável, forte liderança. O Ministério do Turismo é a sua casa, porque a Paraíba é grata pelo seu apoio — afirmou o novo ministro.

Integrantes do governo com assento no Palácio do Planalto dizem que a nomeação de Gustavo Feliciano é resultado do entendimento do governo com uma ala o União Brasil que se comprometeu a apoiar a reeleição de Lula no ano que vem. De acordo com um integrante da executiva do partido essa costura teve aval do presidente da legenda, Antônio Rueda, foi articulada por um grupo de parlamentares da sigla que está mais alinhado ao governo federal. O partido tem 59 deputados, e esse grupo reúne cerca de 20 deles.

Pai do novo ministro, Damião Feliciano integra a ala mais ligada ao governo dentro da sigla e atua como um dos vice-líderes do Planalto na Câmara. Além disso, de acordo com um governista, há uma avaliação que ministros e integrantes do segundo escalão do governo deverão estar alinhados a Lula e votar no petista no próximo ano. Isso servirá para os partidos que se dizem independentes ou que ensaiam candidaturas presidenciais em 2026.

Um outro parlamentar que acompanhou as conversas diz que a escolha de Gustavo Feliciano teve apoio de Motta porque que eles são aliados na Paraíba. O agora ministro foi secretário de Turismo da primeira gestão do governador da Paraíba, João Azevêdo, de quem Motta é aliado. O presidente da Câmara espera contar com o apoio dele e de Lula para eleger o pai, Nabor Wanderley (Republicanos-PB), para uma vaga ao Senado em 2026. Presente na cerimônia de posse de Gustavo Feliciano, Motta afirmou que a gestão do novo ministro terá apoio e será construída junto com o parlamento:

— Gustavo terá com o apoio do Parlamento, da Câmara, dos deputados, para ajudar a sua gestão com recursos, com ações, para que juntos possamos para que juntos possamos cada vez mais fortalecer as ações para que o Brasil possa ser esse destino turístico buscado por todos — disse Motta — Eu não tenho a menor dúvida que juntos nós vamos construir essa gestão, esse trabalho que, com certeza, fará valer a confiança que o senhor (presidente Lula) está tendo no querido Gustavo Feliciano — afirmou o presidente da Câmara.

Lula fez um gesto a Hugo Motta ao trocar o comando do Ministério do Turismo. Em outubro, Motta foi procurado por integrantes do governo para ser incluído no processo de recomposição da base aliada do Executivo no Congresso Nacional, após a Câmara impor derrota ao petista com a não apreciação de uma MP (medida provisória) que aumentava impostos.

De lá para cá, no entanto, o entorno de Motta se queixava que o Planalto não estava dando andamento às costuras e afirmava que o presidente da Câmara não tinha um espaço no primeiro escalão de Lula, diferentemente de seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Um dia antes de anunciar a troca de Celso Sabino por Gustavo Feliciano, Lula conversou com Motta ao telefone e avisou da troca. Durante a posse do aliado como ministro do Turismo, Motta afirmou que apesar dos "desafios e dos embates", o "Congresso não faltou ao governo":

— Não tivemos um ano fácil, foi um ano de muitos desafios, um ano de embates, mas o ano que o Congresso Nacional não faltou ao governo do senhor. Nós tivemos aprovações importantes que dão ao senhor a certeza de que o governo encerra o ano muito melhor do que o que iniciou.

Quem é

Gustavo Costa Feliciano é filho da ex-vice-governadora da Paraíba Lígia Feliciano, que trocou o PDT pelo União Brasil em 2023, e do deputado federal Damião Feliciano (União-PB).

Gustavo foi secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba durante o primeiro governo de João Azevêdo. Assumiu logo no início do primeiro mandato e renunciou ao cargo em dezembro de 2021. Sua mãe, Lígia, rompeu com Azevêdo e não participou da coligação que reelegeu o governador da Paraíba em 2022. Antes de assumir o cargo na gestão estadual, Gustavo foi presidente do diretório municipal do PDT, sigla que abrigava a família no estado.

Natural de Campina Grande, Gustavo é formado em Direito e já foi diretor-presidente da União de Ensino Superior de Campina Grande (Unesc). Ele nunca ocupou cargo eletivo e tem um perfil no Instagram com 3 mil seguidores, e a última postagem é de 2021.