Lula cita crescimento 'acima de 3%' e diz que presidente não tem que saber de economia, mas de 'montar time'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira, para fazer um balanço do seu terceiro ano de mandato. Ao abrir o encontro, destacou Ãndices de cresimento do seu governo e afirmou que foi não foi eleito para ficar apontando erros do governo passado.
— Tenho muita sorte porque a última vez que este paÃs cresceu acima de 3% foi quando eu deixei a Presidência em 2010. De lá para cá, só voltou a crescer acima de 3% quando eu voltei à presidência da República. O presidente não tem que entender de economia, tem que saber montar um time — afirmou o presidente.
Lula se referia ao resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, que apontou crescimento da economia em 3,4%. Nesta quinta-feira, o Banco Central (BC) elevou a projeção para o crescimento em 2025 de 2% para 2,3%, de acordo com o Relatório de PolÃtica Monetária. O BC ainda atualizou a projeção de expansão em 2026, de 1,5% para 1,6%.
Apesar das diversas crÃticas ao perÃodo em que Jair Bolsonaro presidiu o paÃs, Lula disse que não ganhou a eleição para "ficar falando mal" do governo anterior.
— Nós não ganhamos as eleições para ficar falando mal do governo anterior. Ganhamos as eleições para governar este paÃs e cuidar do povo brasileiro.
Em sua fala inicial antes de responder às perguntas de jornalistas, o presidente ainda enalteceu a relação do seu governo com o Congresso, destacando ter aprovado quase todas as medidas econômicas que enviou.
— Acho que o Congresso Nacional nunca teve tanta reunião com ministros brasileiros, sobretudo com o ministro da Fazenda, como tem agora, para aprovar as coisas. E pasmem, para aqueles que acreditavam que as coisas não iam dar certo porque a extrema-direita tinha eleito muitos deputados e nós poucos deputados, pasmem, nós conseguimos aprovar 99% de tudo o que o governo mandou de interesse econômico para o Congresso Nacional.
Reunião com cobranças a ministros
Ontem, Lula disse a seus ministros, durante a reunião ministerial na Residência Oficial da Granja do Torto, que seus partidos precisam decidir de que lado vão estar nas eleições de 2026. Também voltou a cobrar que seus ministros estudem também outras áreas e que defendam o governo. Na Esplanada, há 39 ministros. Entre as siglas que ocupam cargos no alto escalão do governo, estão três partidos do Centrão que ainda não definiram se vão apoiar Lula: o PSD de Gilberto Kassab; o Republicanos ao qual o governador TarcÃsio de Freitas, de São Paulo, é filiado; e o MDB. O União Brasil de Antônio Rueda deixou o governo, mas manteve influência, por meio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, em duas pastas: Telecomunicações e Integração Nacional.
— Eu às vezes fico pensando quando vocês falam do "porque no governo do presidente Lula, no governo do presidente Lula", dá a impressão de que vocês não são governo. Vocês estão comigo esse tempo todo, então o governo não é do presidente Lula, é nosso. O governo é de quem está no governo. É isso que eu quero que aconteça a partir de agora. A comunicação tem a responsabilidade do Sidônio, a responsabilidade das entrevistas que eu dou, mas tem também a responsabilidade de cada companheiro — cobrou Lula.
O presidente destacou em seu discurso o que considera marcas do seu governo, a exemplo da redução do desemprego e da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, mas reconheceu que os bons números ainda não se refletem nas pesquisas de opinião pública. Para Lula, isso ocorre devido à polarização polÃtica.
— É importante que a gente tenha noção que nós precisamos fazer com o que o povo saiba o que aconteceu neste paÃs (durante o governo de Bolsonaro). Tenho a impressão que o povo ainda não sabe, que nós ainda não conseguimos a narrativa correta para fazer com que o povo saiba fazer uma avaliação das coisas que aconteceram neste paÃs — ressaltou Lula.
Troca de ministro
Depois da reunião com os ministros, Lula anunciou a saÃda de Celso Sabino do Ministério do Turismo. A troca acontece uma semana após Sabino ser expulso do União Brasil por desobedecer a ordem da legenda de deixar seu cargo no governo. Gustavo Feliciano, filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB), foi escolhido para ser o novo ministro. Feliciano deverá ter uma conversa com Lula para oficializar a ida para o comando do Turismo. Sabino participou normalmente da reunião ministerial com Lula.
Integrantes do governo com assento no Palácio do Planalto dizem que a nomeação de Gustavo Feliciano é resultado do entendimento do governo com uma ala o União Brasil que se comprometeu a apoiar a reeleição de Lula no ano que vem. Um integrante da executiva do União Brasil afirma que essa costura teve aval do presidente da legenda, Antônio Rueda, e confirma que foi articulada por um grupo de parlamentares da sigla que está mais alinhado ao governo federal. O partido tem 59 deputados, e esse grupo reúne cerca de 20 deles.
Um polÃtico próximo de Rueda diz que o partido já vinha costurando esse movimento nos últimos dias. Pai do novo ministro, Damião Feliciano integra a ala mais ligada ao governo dentro da sigla e atua como um dos vice-lÃderes do Planalto na Câmara.
Além disso, de acordo com um governista, há uma avaliação que ministros e integrantes do segundo escalão do governo deverão estar alinhados a Lula e votar no petista no próximo ano. Isso servirá para os partidos que se dizem independentes ou que ensaiam candidaturas presidenciais em 2026
A mudança no comando do Turismo não tem consenso no União Brasil. Parte dos membros do diretório nacional do União que haviam votado pela saÃda da sigla do governo Lula e pela expulsão de Sabino é contrária à indicação de um novo nome. Reservadamente, um dos vice-presidentes do partido diz que bancadas da sigla como as de São Paulo (que tem 12 deputados) e Goiás (quatro parlamentares) estão entre as contrárias.
O suposto aval de Rueda à indicação de Gustavo Feliciano é criticada reservadamente por membros da executiva do União. Reservadamente, um integrante da cúpula do diretório nacional diz que a mudança de postura de Rueda não tem sentido polÃtico e deve enfrentar questionamentos.
Deputado federal pelo Pará, Sabino pretende concorrer a uma vaga no Senado com apoio de Lula. Atualmente sem partido, afirmou que está conversando com legendas e que a decisão será tomada em conjunto com o presidente.
— Estou conversando com algumas legendas partidárias. Essa decisão passa pela uma conversa com o presidente Lula, que a gente vem fazendo já há alguns dias. Eu imagino que até o fim de fevereiro a gente deve estar com essa posição partidária já definida para construir as chapas proporcionais e a majoritária do Estado do Pará — disse Sabino.
