Leandro Lo: PM atirou em lutador de jiu-jítsu durante briga em boate; relembre o caso

 

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O assassinato de Leandro Lo, um dos principais nomes da história do jiu-jítsu, voltou ao centro do debate nesta semana após a absolvição do policial militar Henrique Velozo, acusado de matar o atleta em agosto de 2022. A decisão, tomada por maioria dos jurados após três dias de julgamento, reacendeu a comoção e a indignação da família do lutador — e colocou novamente sob os holofotes os detalhes de um caso que chocou o país.

PM é absolvido pela morte do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo após três dias de julgamento em SP

Segundo o boletim de ocorrência, ao qual O GLOBO teve acesso, Leandro Lo foi atingido por um tiro no lado esquerdo da cabeça após um desentendimento com o policial militar — que estava de folga — durante um show de pagode da banda Pixote, no Esporte Clube Sírio, em Indianópolis, Zona Sul de São Paulo.

De acordo com uma fonte ligada à família, o policial teria se aproximado da mesa onde Leandro estava com amigos e, em tom provocativo, sacudido uma garrafa de uísque. Para contê-lo, o lutador aplicou uma rasteira e o imobilizou.

Assim que foi liberado, o PM deu alguns passos, virou-se e atirou, segundo testemunhas. Uma delas afirmou ainda que o policial deu dois chutes no atleta já desacordado.

Leandro foi socorrido ao Hospital Municipal Arthur Ribeiro de Saboya, onde teve morte cerebral confirmada horas depois. No prontuário médico, registrado às 11h53 daquele domingo, consta que o atleta estava em estado “gravíssimo” e respirava por ventilação mecânica.

Testemunhas reconheceram o autor do disparo por fotografias apresentadas pelo próprio clube, que controla a entrada de frequentadores armados. O caso foi registrado inicialmente como tentativa de homicídio pelo 16º DP (Vila Clementino).

A Polícia Militar lamentou o ocorrido e abriu apuração administrativa, além de colaborar com o inquérito. Em nota, o Esporte Clube Sírio também manifestou solidariedade e afirmou auxiliar as autoridades.

A perda de Leandro Lo teve grande repercussão internacional. O lutador, então com 33 anos, era oito vezes campeão mundial em cinco categorias diferentes, vencedor de cinco Copas do Mundo e oito Pan-Americanos.

O julgamento começou em 12 de novembro, com duas testemunhas de acusação ouvidas no primeiro dia. Ao todo, nove testemunhas prestaram depoimentos — além do próprio acusado.

A expectativa do Ministério Público era de uma pena de ao menos 20 anos, com base nas três qualificadoras. Mas, na votação final, pelo menos quatro dos sete jurados (cinco mulheres e dois homens) acolheram a tese da defesa de legítima defesa.

A sentença foi proferida pela juíza Fernanda Jacomini, da 1ª Vara do Júri. A família reagiu com indignação, enquanto o Ministério Público afirmou ver “nulidades” no processo e disse acreditar em anulação da decisão. Ele foi solto neste sábado.