Lares com casais gays aumentam oito vezes em 12 anos. Qual o perfil deles?
O número de domicÃlios com casais homoafetivos no Brasil chegou a 480 mil, de acordo com informações do Censo 2022, divulgadas nesta quarta-feira pelo IBGE. Esse cenário era composto por apenas 58 mil residências em 2010, o que representa um aumento de mais de oito vezes. Atualmente, o número significa 0,7% de todas as 72,3 milhões de lares brasileiros. Dentre os casais, 58% eram constituÃdos por mulheres em 2022, contra 53,8% em 2010. A maior parte está no Sudeste (48,1%), seguido por Nordeste (22,1%), Sul (14,9%), Centro-Oeste (8%) e Norte (6,9%).
Em relação à escolaridade, houve um aumento das pessoas em uniões homoafetivas que declararam possuir ensino superior completo: 25,8% em 2010 para 31% em 2022. A maior parte das pessoas são católicas, com 45%, seguidas por quem declarou não ter religião, 21,9%. Ainda em relação ao perfil, apenas 12,9% são pessoas pretas, contra 47,3% brancas e 39% pardas.
77,6% dos casais eram compostos por uniões consensuais, 13,5% por casamentos só no civil e 7,7% por matrimônios tanto no civil quanto no religioso. Desde 2013, no entanto, quando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução que obrigava os cartórios a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo em todo o paÃs, seguindo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o número dessas uniões também vem crescendo no Brasil.
Número de domicÃlios com casais homoafetivos no Brasil
Editoria de Arte
Como são as uniões no Brasil
O número de uniões consensuais no Brasil superou pela primeira vez a proporção de casamentos com cerimônias civis e religiosas, e se tornou a forma de união mais frequente do paÃs, segundo a mesma divulgação do IBGE. O percentual agora é de 38,9%, contra 36,4% em 2010 e 28,6% em 2000. O Ãndice nacional, no entanto, é puxado pelos casais com renda per capita de até um salário mÃnimo.
Entre a população brasileira, 51,3% das pessoas viviam em uma união conjugal em 2022, um pequeno aumento em relação a 2010 (50,1%). Ao mesmo tempo, o percentual de pessoas que não estavam nessa condição, mas já haviam vivido (por separação, divórcio ou viuvez), subiu para 18,6%, contra 14,6% em 2010. O Ãndice de pessoas que nunca viveram uma união conjugal também é o menor da série histórica, com 30,1%.
O número de casamentos "tradicionais", ou seja, com cerimônias tanto no civil quanto no religioso, por sua vez, nunca foi tão baixo. Enquanto em 2000 o percentual era de 49,4%, as uniões conjugais desse tipo diminuÃram para 37,9% em 2022. Os casamentos somente no civil eram 20,5%, e os apenas com celebrações religiosas representavam 2,6%.
Uniões conjugais no Brasil
Quem está em união conjugal
A maior parte das pessoas que vivem em união conjugal estava na faixa etária de 40 a 49 anos entre os homens (23,2%) e 30 a 39 anos entre as mulheres (24,6%). A idade média da "primeira união" também foi a mais tardia já registrada, alcançando 25 anos, sendo 26,3 anos para os homens e 23,6 para as mulheres. Em 2000, a idade média para uniões assim era de 24,2 anos.
Em relação à cor ou raça, enquanto 46% das pessoas brancas com união conjugal se casaram no civil e no religioso, 46,1% das pessoas pretas desse grupo se uniram somente de forma consensual. Outras 32,5% cidadãos brancos se juntaram por conta própria, 30% dos pretos optaram por celebrações "padrão".
Minas Gerais segue sendo o estado com uniões mais "tradicionais", com somente 29,4% de uniões consensuais; na outra ponta, o Amapá marca 62,6%. O local com maior alta de pactos autônomos foi o PiauÃ, que contava com 30,6% em 2010 e 39,4% em 2022.
Dos casais que estavam em uma união conjugal em 2022, os que possuÃam renda domiciliar per capita de até meio salário mÃnimo, em sua maioria, optaram por estar juntos de forma consensual (52,1%). Na mesma faixa de renda, apenas 24,2% realizaram o casamento civil e religioso.
Já de meio até um salário mÃnimo de renda domiciliar per capita, 40,1% estavam em uniões consensuais, contra 35,8% do modo civil e religioso. A partir daÃ, o cenário já se inverte: quanto maior a renda, mais casamentos "tradicionais", com o ápice chegando a 54,3% entre as pessoas com mais de cinco salários mÃnimos de renda domiciliar per capita.
Percentual de pessoas em união conjugal por renda domiciliar per capita
