Kim Jong-un diz que nunca trocará seu arsenal nuclear por fim de sanções, mas não descarta diálogo com os EUA

 

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O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, durante uma cerimônia de despedida do presidente da Rússia, Vladimir Putin, no aeroporto de Pyongyang, Coreia do Norte, em 19 de junho de 2024

Sputnik/Gavriil Grigorov/Pool via REUTERS

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou que nunca trocará o arsenal nuclear do país pelo fim de sanções que enfrenta do Conselho da ONU. O presidente deu uma entrevista à mídia estatal coreana KCNA neste domingo (21), pelo horário de Brasília — segunda-feira, no horário local.

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Kim disse ainda que não há razão para evitar o diálogo com os Estados Unidos se Washington deixar de insistir que seu país abra mão das armas nucleares.

“Se os Estados Unidos abandonarem a obsessão absurda de nos desnuclearizar e aceitarem a realidade, e quiserem uma coexistência pacífica genuína, não há razão para nós não nos sentarmos com os Estados Unidos”, disse Kim, segundo relatos

Foi uma questão de sobrevivência para o país construir armas nucleares para proteger sua segurança contra graves ameaças dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, disse Kim, listando uma série de exercícios militares regulares dos aliados que, segundo ele, evoluíram para treinamentos para uma guerra nuclear.

“O mundo já sabe muito bem o que os Estados Unidos fazem depois que fazem um país abrir mão de suas armas nucleares e se desarmar”, disse Kim. “Nós nunca abriremos mão de nossas armas nucleares.”

Segundo a KCNA, em discurso neste domingo (21), o presidente afirmou que tem boas lembranças de Donald Trump. Os dois líderes se encontraram três vezes durante o primeiro mandato de Trump.

Os comentários vêm num momento em que o novo governo liberal em Seul está incentivando Trump a assumir a liderança na reabertura do diálogo com Kim, seis anos depois de todas as negociações de paz com Pyongyang terem colapsado por causa de um impasse sobre sanções e desmantelamento nuclear.

Segundo Kim, as recentes tentativas de Washington e Seul de abrir diálogo não são sinceras porque sua intenção fundamental de enfraquecer o Norte e destruir seu regime permanece inalterada. Ele acrescentou, ainda, que uma proposta gradual do Sul para encerrar os programas nucleares do Norte era prova disso.

A Coreia do Norte está sob uma série de resoluções do Conselho de Segurança da ONU que impõem sanções econômicas e embargos de armas que restringem o financiamento para o desenvolvimento militar, mas continuou a avançar na construção de armas nucleares e poderosos mísseis balísticos.

O presidente sul-coreano Lee Jae Myung disse, em entrevista à agência de notícias Reuters, que essas sanções acabaram fracassando em dissuadir o Norte, que hoje acrescenta de 15 a 20 armas nucleares ao seu arsenal a cada ano.

“A realidade é que a abordagem anterior de sanções e pressão não resolveu o problema; piorou”, disse Lee.

Lee tem feito gestos de paz desde que assumiu o cargo em junho, afirmando que o diálogo com Pyongyang era necessário e propondo etapas para construir confiança e, eventualmente, encerrar o programa nuclear do Norte.

Lee disse à Reuters que há obstáculos formidáveis para reabrir o diálogo com o Norte, mas ainda acredita que a abordagem gradual de desmantelar o programa nuclear de Pyongyang é a opção mais realista.

Era necessário criar as condições adequadas para trazer o Norte de volta à mesa de negociações, e Trump tem um papel fundamental nesses esforços, disse Lee.

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*Com informações da Reuters.