Justiça dos EUA encerra caso e absolve homem condenado por assassinato após 30 anos

 

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Três décadas após insistir ser inocente, James Pugh, de 63 anos, teve nesta terça-feira todas as acusações retiradas pelo Ministério Público do Condado de Erie, nos Estados Unidos. Ele havia sido condenado em 1994 pelo assassinato brutal de Deborah Meindl, morta a facadas e estrangulada em sua casa em Tonawanda, subúrbio de Buffalo, em fevereiro de 1993.

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Pugh passou mais de 25 anos preso até conseguir liberdade condicional, sustentando ao longo de todo o período que foi vítima de uma armação envolvendo um antigo associado, Brian Scott Lorenz, seu co-réu no caso. Ambos foram condenados com base em relatos indiretos e depoimentos posteriormente questionados.

A condenação de Pugh foi anulada em 2023 pelo juiz Paul B. Wojtaszek, que destacou que nenhum material genético coletado na cena do crime correspondia aos dos réus. O magistrado também apontou que promotores deixaram de fornecer evidências importantes à defesa na época do julgamento.

Ainda assim, o Ministério Público insistiu em um novo julgamento. O plano foi abandonado na audiência desta terça-feira, após os próprios promotores admitirem não possuir provas suficientes para seguir adiante.

— O que fizeram comigo, não posso mudar. Eles vêm culpando a pessoa errada há mais de 30 anos — disse Pugh, do lado de fora do tribunal, após o juiz conceder a absolvição.

Desde o início, o caso foi marcado pela falta de provas físicas e pelo uso de testemunhas com credibilidade contestada. Alguns relatos foram retratados ao longo dos anos, e outros apareceram sob suspeita de terem sido coagidos pela polícia. Lorenz, que havia implicado Pugh no crime, também recebeu sentença de prisão perpétua.

Depois que seu segundo julgamento terminou sem veredicto, ele enfrentará uma terceira tentativa de condenação em abril.

A decisão de absolver Pugh ganhou o apoio inesperado de Lisa Payne, única filha sobrevivente de Deborah Meindl. Aos 7 anos na época do crime, ela leu uma declaração emocionada no tribunal defendendo o encerramento do processo.

Ela afirmou que o caso havia dominado sua vida e que Pugh e sua família “não deveriam ter que continuar vivendo esse pesadelo se o caso permanecer sem solução”.

— Nenhum resultado deste tribunal trará minha mãe de volta, mas pode ser um consolo saber que não terei que reviver sua morte enquanto o processo judicial estiver em andamento — declarou.

Crime chocou o subúrbio de Tonawanda

Deborah Meindl, estudante de enfermagem de 33 anos, foi encontrada morta pela filha mais velha. O corpo apresentava quase uma dúzia de facadas, sinais de estrangulamento e as mãos algemadas atrás das costas. A casa mostrava evidências tanto de violência quanto de possível encenação: vidros quebrados, móveis revirados e uma janela com tela cortada por dentro.

As suspeitas iniciais recaíram sobre o marido, Donald Meindl, que havia comentado a um amigo que queria mandar matar a esposa e mantinha relacionamento com uma jovem de 16 anos. Ele negou envolvimento e morreu em 2023.

A partir de 2018, uma série de revisões e audiências ampliou dúvidas sobre a autoria do crime. Exames de DNA mostraram que nenhum vestígio dos condenados estava presente em itens decisivos, como a faca usada no ataque e as roupas ensanguentadas.

Uma audiência realizada entre 2021 e 2022 levou o juiz Wojtaszek a anular as condenações, decisão confirmada posteriormente.