Jovem presa injustamente no RS teve liberdade negada antes de descobrir câncer
A jovem gaúcha Damaris Vitória Kremer da Rosa, que passou seis anos presa preventivamente por um crime do qual foi inocentada, teve dois pedidos de liberdade negados pela Justiça antes de ser diagnosticada com câncer de colo de útero. Ela só obteve prisão domiciliar quando a doença já estava em estágio avançado. Damaris morreu em 26 de outubro, dois meses após ser absolvida no Tribunal do Júri e deixar a prisão.
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Durante o período em que esteve presa, Damaris apresentou diversas queixas de saúde e a defesa protocolou três pedidos de liberdade ao longo do processo. O primeiro, feito em 2023, foi negado pelo juiz responsável e teve a decisão mantida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O segundo, em novembro de 2024, também foi rejeitado sob o argumento de que os documentos anexados não comprovavam doença grave, pois se tratavam apenas de receituários médicos sem exames ou diagnósticos.
Damaris Vitória Kremer da Rosa morreu no dia 26 de outubro, dois meses após ser absolvida e deixar a prisão
Reprodução redes sociais
Apenas em março de 2025, quando o diagnóstico de câncer de colo do útero em estágio avançado foi confirmado, a Justiça concedeu prisão domiciliar a Damaris, autorizando também o uso de tornozeleira eletrônica. Um mês depois, ela iniciou tratamento oncológico, mas o quadro clínico já era considerado crítico. Em agosto do mesmo ano, o Tribunal do Júri a absolveu, reconhecendo que ela havia sido injustamente mantida em cárcere por um crime que não cometeu.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul afirmou, em nota, que a soltura foi concedida “a partir do momento em que a defesa comprovou a doença”. Já o Tribunal de Justiça declarou que todas as decisões foram tomadas “com base nas informações disponíveis nos autos”.
A jovem foi presa preventivamente em agosto de 2019, acusada de envolvimento em um homicídio em Salto do Jacuí (RS), ocorrido em novembro de 2018. A denúncia afirmava que ela teria atraído a vítima para uma emboscada. A defesa sustentou desde o início que a jovem era inocente e relatou que o crime foi cometido por um então namorado, após ela dizer ter sido estuprada pela vítima. Não havia provas diretas de participação de Damaris, segundo seus advogados. Damaris passou por penitenciárias em Sobradinho, Lajeado, Santa Maria e Rio Pardo.
Veja o momento em que jovem é absolvida
A advogada criminalista Rebeca Canabarro publicou nas redes sociais recortes do tribunal do júri que resultou na absolvição de Damaris. No vídeo, a advogada afirma, durante sua sustentação, que se emocionará e que aquele não é um plenário qualquer, mas o “mais importante” de sua vida.
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