Israel e UE elogiam plano de Trump para Gaza aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU
Israel e a União Europeia celebraram nesta terça-feira a aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, do plano de paz para Gaza apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano afirmou que a medida levará a “mais paz em todo o mundo”, enquanto o grupo terrorista Hamas rejeitou a resolução. O texto prevê, dentre outras coisas, a criação de uma força internacional, estabelecendo diretrizes para a desmilitarização e reconstrução do território palestino.
— É um passo importante para avançar no plano abrangente destinado a pôr fim ao conflito em Gaza. Consolida o cessar-fogo, permite acesso humanitário em larga escala e abre caminho para a recuperação, a reconstrução e a reforma institucional — afirmou Anouar El Anouni, porta-voz de Relações Exteriores da União Europeia.
O texto, redigido pelos Estados Unidos e aprovado na segunda-feira com 13 votos a favor e nenhuma oposição — Rússia e China se abstiveram — dá suporte ao plano de Trump, que desde 10 de outubro sustenta um frágil cessar-fogo entre Israel e o Hamas. A resolução autoriza a criação de uma Força Internacional de Estabilização, encarregada de trabalhar com Israel, Egito e policiais palestinos recém-treinados na segurança das fronteiras e no processo de desmilitarização do enclave.
Em Gaza, moradores receberam com cautela a decisão. Muitos viram no plano uma oportunidade de melhora das condições de vida, mas expressaram desconfiança quanto ao cumprimento por parte de Israel.
— Qualquer decisão internacional que beneficie os palestinos agora é bem-vinda. O importante é que a guerra acabe — disse à AFP Saeb Al-Hassanat, de 39 anos, que vive em uma escola que abriga deslocados. — Sem forte pressão dos Estados Unidos, a resolução do Conselho de Segurança permanecerá sem valor.
O Gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o plano levará a “paz e prosperidade” por insistir na “desmilitarização completa, no desarmamento e na desradicalização de Gaza”. Em publicação no X, o governo israelense disse ainda que a iniciativa pode expandir os Acordos de Abraão e aprofundar a integração regional.
Em Jerusalém, o presidente de Israel, Isaac Herzog, classificou a decisão como uma “conquista diplomática histórica”, capaz de conduzir ao chamado “dia seguinte” em Gaza e na região.
Condições humanitárias
O Hamas, por sua vez, rejeitou formalmente a resolução, alegando que ela não atende às demandas e direitos políticos e humanitários dos palestinos. O grupo criticou a criação da força internacional e acusou o texto de impor “uma tutela internacional sobre a Faixa de Gaza”. Apesar do cessar-fogo, a Faixa de Gaza segue devastada após dois anos de combates desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.
— Ainda não temos comida, água ou casas. O inverno começou e a situação é catastrófica — relatou Rawia Abbas, moradora de Gaza, cuja casa foi parcialmente destruída. — Estamos nas mãos de Deus.
A resolução menciona, em linguagem indireta, um possível futuro Estado palestino — possibilidade rejeitada reiteradamente por Israel — ao prever que, após reformas solicitadas à Autoridade Nacional Palestina e o início da reconstrução, “as condições poderão estar estabelecidas para um caminho crível rumo à autodeterminação e à criação de um Estado palestino”.
Também está prevista a criação de um “Conselho de Paz”, órgão de governo transitório para Gaza, que Trump teoricamente presidiria até o final de 2027. O documento determina ainda a retomada da entrega de ajuda humanitária em larga escala por meio da ONU, da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. (Com AFP)
