Intercolegial 2025 registra recorde de participação feminina

 

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Uma cena se repetiu pela terceira vez nessa edição do Intercolegial: Aurora Mendonça e Juliana Cruz sobem ao lugar mais alto do pódio, medalhas no peito, areia ainda colada às pernas, e a treinadora Ana Paula Pimenta vendo de longe, sorriso contido de quem sabe que vitória é fruto do trabalho suado. Com a conquista no último dia de competições, no Sesc Nova Iguaçu, o Colégio Pedro II garantiu o tricampeonato do vôlei de praia feminino, uma campanha que também é reflexo direto da trajetória da técnica que, há décadas, vê o crescimento das meninas no esporte dentro e fora da escola. No Intercolegial, a participação feminina vem aumentando ao longo dos anos: em 2025, elas representaram 48% dos alunos inscritos, um recorde histórico, e a expectativa é atingir até os 50% no ano que vem, de acordo com a organização do Intercolegial.

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Ana Paula é personagem central de um movimento que vem ganhando cada vez mais destaque. Treinadora de vôlei de quadra e de praia, ela acompanhou de perto a explosão do interesse das alunas pela modalidade, fenômeno que se reflete no desempenho dominante da dupla campeã.

— A Aurora e a Juliana jogam juntas há três anos, são muito afinadas. A gente colocou as duas em competições externas, e os resultados vieram: ganharam duas, ficaram em segundo em outra. Isso deu uma confiança enorme para chegarem fortes em busca do tri — afirma a professora e ex-atleta.

Experiência

A técnica fala com a experiência de quem carrega o Intercolegial na memória e no corpo. Ela disputou as primeiras edições como atleta, em 1983 e 1984, e desde 1991 atua como treinadora em escolas. Entrou para o Pedro II em 1995 e desde 1998 vê gerações cruzarem as quadras carregando o nome do colégio.

— É a competição mais antiga que a gente tem no nível escolar. Tem um valor histórico gigantesco. Por ser eliminatória, exige um emocional forte desde o primeiro ponto. Eu vivi isso como atleta e passo isso para elas. O Intercolegial forma caráter e prepara essas meninas para a vida — diz.

A edição de 2025 registrou aumento expressivo no número de meninas inscritas, fruto da ampliação das modalidades femininas e da consolidação de equipes em colégios diversos. Há desde estreantes, como o Notre Dame, bronze no futsal feminino sub-15, até potências já estabelecidas, como o Santa Mônica e o Loide Martha, que também vêm levando um número crescente de atletas femininas para o Intercolegial.

Para além do ensino de técnicas e recursos para a prática esportiva e disciplina a fim de enfrentar os desafios do dia a dia, Ana Paula se tornou referência afetiva para suas atletas. Aurora, agora tricampeã na areia, reconhece esse papel:

— Ainda existe uma visão muito masculinizada sobre competição e treinamento. Ter duas mulheres comandando nosso time, a Ana Paula e a Nathalia (Menezes, chefe do setor de esportes da escola), mostra que esse espaço é nosso também. A gente quer que mais meninas se inspirem, como nós fomos inspiradas por elas.