Indígenas de protesto na COP dizem que não agrediram segurança e pedem demarcação de terra

 

Fonte:


Os indígenas que lideraram o protesto que adentrou o espaço oficial da COP na noite de terça (11) e deixou dois seguranças feridos afirmaram que o movimento era pacífico, para pedir demarcação de terra e inclusão nas negociações. Representantes das etnias Tupinambá, Arapiun, Arara Vermelha e Maitapu, da região do Baixo Tapajós (PA), também criticaram medidas específicas do governo federal, como o decreto nº 12.600, que visa a construção de hidrelétricas nos rios Madeira, Tocantins e Tapajós.

As lideranças convocaram uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira para se pronunciarem sobre o protesto. A indígena Neves Arara Vermelha disse que não houve ataque aos seguranças da COP30:

— A gente não fez vandalismo, não atacamos os policiais. O policial (segurança) caiu porque não aguentou a multidão, mas ninguém tocou no policial.

Gilson Tupibambás rechaçou a acusação de vandalismo:

-- Vândalo não vem aqui discutir com imprensa, falar de políticas públicas, não vem apontar caminhos. Pedir equipamento de saúde na região. Se tudo isso que estamos falando é considerado vandalismo, então não sei o que é vandalismo.

Os indígenas criticaram programas como o TFFF, projetos de mercado de carbono e o Congresso Nacional, considerado o "maior inimigo" por eles. Também criticaram o governo estadual do Pará e o governo federal, por se sentirem distanciados das discussões.

Segundo os indígenas, a intenção da manifestação era pacífica, para chamar a atenção às suas reivindicações. Entre os pleitos, se destacam a homologação de suas Terras Indígenas (nenhum dos quatro foi demarcado) e a revogação do decreto 12.600, chamado por eles de "privatização dos rios Madeira, Tocantins e Tapajós".

— A gente preza o diálogo, mas precisamos fazer manifestações para passar nosso recado. Nossa voz precisa ser ouvida e respeitada e nós precisamos estar na mesa de negociação — afirmou Auricelia Arapiun, que disse ter ainda esperança de participar oficialmente da COP. — Ainda continuamos abertos, esperamos ainda conversar com o Lula, governantes, sentar na mesa de negociação. Eles precisam ouvir isso aqui, mas eles se negam a ouvir.