Incêndio em Hong Kong: veja antes e depois de condomínio devastado pelo fogo na China
Um complexo residencial com oito torres no distrito de Tai Po, em Hong Kong foi atingido por um dos maiores incêndios da história moderna da China. São 128 mortes confirmadas até o momento. A Comissão Independente contra a Corrupção (ICAC) anunciou ter efetuado, ao todo, oito prisões relacionadas à investigação do caso.
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Imagens de antes e depois do local mostram o impacto das chamas. O cenário é de destruição. O incêndio se espalhou rapidamente após atingir andaimes de bambu cobertos por telas de proteção instalados para obras de renovação, permitindo que as chamas avançassem de uma torre para outra até envolver sete dos oito prédios do conjunto.
Veja condomínio antes e depois de incêndio
Incêndio em Hong Kong: veja antes e depois de condomínio destruído pelo fogo na China
Reprodução/Google
Incêndio em Hong Kong: veja antes e depois de condomínio destruído pelo fogo na China
AFP
Investigação e prisões
As detenções incluem seis pessoas capturadas ao longo desta sexta-feira, além dos dois diretores da consultoria Will Power Architects Company, que já tinham sido presos na quinta-feira.
Entre os suspeitos estão sete homens e uma mulher, com idades entre 40 e 63 anos, segundo o site South China Morning Post. Dois deles são gerentes de projeto da Will Power Architects responsáveis pela obra no conjunto habitacional Wang Fuk Court. Outros dois formam um casal proprietário de uma empresa contratada para serviços de andaime. O último detido é apontado como intermediário nas negociações.
Nesta sexta-feira, agentes da ICAC cumpriram mandados de busca em 13 endereços, incluindo os escritórios da consultoria e da empresa terceirizada. Durante as operações, foram apreendidos documentos de engenharia e registros bancários considerados relevantes para o caso.
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Reprodução/X
Incêndio mais letal em 68 anos
O número de mortos no incêndio subiu para 128, após equipes de resgate encontrarem dezenas de novos corpos durante buscas detalhadas nos prédios carbonizados. Segundo autoridades locais, pelo menos 89 das vítimas ainda não foram identificadas. O incidente, que começou na tarde de quarta-feira, é um dos mais letais da história recente do território.
Segundo o Departamento de Serviços de Incêndio, brigadistas concentraram as operações nos apartamentos de onde foram recebidas mais de duas dezenas de ligações de moradores pedindo ajuda e que não puderam ser alcançados durante o incêndio. O vice-diretor do órgão, Derek Armstrong Chan, afirmou que as descobertas elevaram o total de mortos em 34 nas últimas horas.
O secretário de Segurança, Chris Tang, disse que 89 dos corpos ainda não foram identificados e que cerca de 200 pessoas permanecem desaparecidas. Ele alertou que o número de vítimas pode aumentar nos próximos dias, enquanto as equipes avançam pelos edifícios escurecidos pela fumaça. A investigação deve durar pelo menos três a quatro semanas.
O diretor dos Serviços de Incêndio, Andy Yeung, informou que alguns alarmes de incêndio não estavam funcionando no momento da tragédia e que isso pode gerar consequências legais.
Foram necessárias cerca de 24 horas para que os bombeiros controlassem o fogo por completo. Mesmo dois dias depois, fumaça ainda saía das estruturas queimadas devido a focos residuais. A operação mobilizou 2,3 mil bombeiros e profissionais de saúde e deixou pelo menos 79 feridos, entre eles 12 bombeiros. Um brigadista morreu durante o combate às chamas.
A maior parte das vítimas estava nos dois primeiros edifícios atingidos. O complexo, construído nos anos 1980, abrigava muitos idosos e passava por uma ampla reforma. Na quinta-feira, a agência anticorrupção de Hong Kong anunciou que investiga possíveis irregularidades relacionadas ao projeto de renovação.
Negligência grave
Três homens — dois diretores e um consultor de engenharia de uma empresa de construção — foram presos por suspeita de homicídio culposo, e a polícia afirma que os responsáveis podem ter agido com negligência grave. Embora o nome da empresa não tenha sido divulgado oficialmente, a agência americana Associated Press confirmou que a Prestige Construction & Engineering Company era responsável pelas obras nas torres. Policiais apreenderam caixas de documentos na sede da companhia, que não se manifestou.
As autoridades também suspeitam que materiais utilizados nas fachadas dos edifícios não atendiam aos padrões de resistência ao fogo, contribuindo para a propagação incomum das chamas. Em uma das torres não atingidas, policiais encontraram painéis de espuma plástica — altamente inflamáveis — instalados perto dos elevadores. Os painéis teriam sido colocados pela empresa responsável pelas obras, mas o motivo ainda é desconhecido.
— Temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o incêndio se alastrasse descontroladamente, resultando em inúmeras vítimas — disse a superintendente de polícia Eileen Chung.
Incêndio de grandes proporções atinge conjunto residencial em Hong Kong
O governo determinou inspeções imediatas em conjuntos habitacionais que estejam passando por reformas, para verificar se andaimes e materiais de construção cumprem as normas de segurança. Cerca de 4,6 mil pessoas viviam no conjunto residencial de arranha-céus, com oito torres de 31 andares e cerca de 2 mil apartamentos. Desses, 40% teriam 65 anos ou mais. Após o incêndio, pelo menos 500 moradores foram alocados em abrigos temporários.
Cerca de 4,6 mil pessoas viviam no condomínio residencial, com dados demográficos apontando que 40% teriam 65 anos ou mais. Em um pronunciamento à imprensa nesta quinta, o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, afirmou que 500 pessoas haviam sido alocadas em abrigos temporários montados em quadras, escolas e outros espaços improvisados, enquanto a administração local reservou mais de mil quartos em hotéis e albergues para receber os afetados.
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O incêndio no condomínio é o mais letais da história recente da cidade, superando o desastre em um cortiço em 1957 que deixou 59 mortos. Após mais de 24 horas de trabalho de combate ao fogo, bombeiros continuavam trabalhando no local, enquanto moradores apreensivos esperavam por notícias de vizinhos e familiares, e avaliavam os prejuízos sofridos.
— Compramos este apartamento há mais de 20 anos. Todos os nossos pertences estavam aqui, e agora que tudo queimou assim, o que sobrou? — disse uma moradora de 51 anos em entrevista a Reuters. — Não sobrou nada. O que vamos fazer?
Outros moradores criticaram a resposta das autoridades após o início do incêndio, relatando que não ouviram alarmes sobre o avanço do fogo. Alguns relataram ter corrido de porta em porta para alertar os vizinhos sobre o perigo.
— Tocar a campainha, bater nas portas, alertar os vizinhos, dizer que deveriam sair... foi assim que aconteceu — disse um homem que se identificou como Suen.
O presidente chinês, Xi Jinping, expressou condolências às famílias e "pediu que se faça todo o possível para extinguir o incêndio e minimizar as vítimas e as perdas", informou o canal estatal CCTV.
Com as buscas em andamento, o número de vítimas ainda pode aumentar. (Com AFP)
