Idosa é morta pelo ex-marido no Paraná: 'Eles ficaram juntos15 dias, e ele deformou o rosto dela', diz neta

 

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Ilda Alves de Paula, de 64 anos, morreu nesse domingo (7) após ter sido agredida pelo ex-marido, Ataide Medeiros, de 74, e ficado com o rosto desfigurado. A agressão aconteceu no dia 24 de novembro em Marmeleiro, no Paraná. Segundo a neta da idosa, Débora Medeiros, de 22 anos, Ilda e o agressor estavam separados havia 35 anos, mas voltaram a morar juntos no começo de novembro.

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— Há três anos, ele ficou doente e os filhos precisaram cuidar dele. Ele chegou a morar com a minha avó na época, mas foi embora para o Rio Grande do Sul — relatou a neta da vítima. — Mas na segunda semana de novembro, eles conversaram, e ele voltou para morar com ela. Eles ficaram 15 dias juntos e ele fez esse absurdo. Não tem justificativa o que ele fez, deformou o rosto dela.

A idosa foi encontrada por uma das filhas, mãe de Débora, bastante machucada, no interior de sua casa.

— Minha mãe mandou mensagem e ela não respondeu, então foi lá vê-la — disse a neta de Ilda.

Em entrevista ao GLOBO, Débora frisou que nas duas vezes em que a idosa e o ex-marido voltaram a morar juntos, a relação dos dois não era de casal.

— Eles voltaram a ter contato e morar juntos, mas não como um casal e, sim, para fazer companhia um ao outro — falou.

Segundo Débora, o homem já havia agredido Ilda 35 anos atrás, o que levou ao fim do casamento.

— Ele bateu nela, e foi o motivo da separação. Mas quando ele ficou doente e veio ser cuidado pelos filhos, pediu perdão. Parecia ser uma pessoa diferente e nesse período nunca mostrou ser violento — afirmou a jovem.

Após o crime, Ataide foi localizado pela Polícia Militar do estado na rodoviária de Pato Branco, com a passagem comprada com destino ao estado de Santa Catarina. O homem foi preso em flagrante.

De acordo com a Polícia Civil do Paraná, a investigação sobre o caso havia sido concluída na última terça-feira (2) como tentativa de feminicídio. No entanto, caso o laudo pericial comprove que a morte de Ilda tenha sido em decorrência as agressões, o agressor será indiciado por feminicídio.

Segundo a neta, Ilda estava se recuperando das agressões sofridas em casa quando começou a passar mal no sábado (6).

— Minha avó ficou internada na UTI por três dias e foi transferida para um quarto, onde ficou por dois dias e recebeu alta. Ela ficou em casa por uma semana e estava apresentando melhoras, só que no último sábado começou passar mal, chamamos o Samu e ela foi socorrida — contou a jovem.

No entanto, Ilda não resistiu aos ferimentos e morreu às 9h da manhã do domingo.

Débora também disse que em 2015 a avó ficou doente e perdeu o movimento das pernas, tendo que usar cadeira de rodas. Atualmente, Ilda e Ataide moravam sozinhos na casa da idosa, perto da residência dos filhos.

De acordo com a jovem, a relação do avô com os familiares era tranquila.

— Como começamos a ter convivência só depois que ele ficou doente, não tinha muito afeto — revelou.

Para a Débora, a avó era um exemplo.

— Minha avó criou os seus filhos sozinha, foi mãe e pai. Foi uma mulher muito guerreira e batalhadora — disse a neta. — Ele foi covarde, e desejo que a justiça seja feita e ele pague da pior forma possível.

Ilda deixou três filhos e cinco netos. O velório da idosa será na tarde desta terça-feira (9) na capela Mortuária São Cristóvão de Marmeleiro.

Explosão de feminicídios no Brasil

Nas últimas duas semanas, quase que diariamente, uma série de crimes bárbaros chocou o país: em todos, as vítimas eram mulheres — violentadas e mortas por serem mulheres. Em Florianópolis, uma jovem de 21 anos foi estuprada e estrangulada quando se dirigia para uma aula de natação. Em Jaborandi, na Bahia, outra, de 27 anos, foi arrancada do banho e assassinada a tiros pelo ex-namorado. Na Zona Norte do Rio, um servidor público matou a tiros uma professora e uma psicóloga no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), no Maracanã. Em São Paulo, uma mulher foi morta na pastelaria onde trabalhava pelo ex-marido, e uma jovem foi atropelada e, ainda presa no veículo, arrastada pela rua. Ela teve as pernas amputadas e foi internada em estado grave. O suspeito do crime, segundo a família da vítima, teve um breve relacionamento com ela.

Em 2024, o Brasil bateu recorde de feminicídios desde 2015, quando o crime foi tipificado por lei sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff: 1.492 casos. Só na capital paulista, de acordo com dados coletados pela Globonews, houve 53 feminicídios apenas este ano, o maior número da série histórica. Já no estado de São Paulo, os feminicídios aumentaram 10% desde janeiro, informou o Instituto Sou da Paz. E a ocorrência de assassinatos de mulheres em vias públicas quase dobrou do ano passado para cá: um salto de 33 para 48 ocorrências, no comparativo entre os dez primeiros meses de 2024 e 2025.