IA pode ser um "caminho para a fé" de uma geração que nunca foi à uma igreja

 

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O exercício da fé sempre esteve muito ligado a visitas a igrejas e outras instituições religiosas. Contudo, essa tendência pode estar mudando com o avanço da inteligência artificial (IA), que permite que seguidores de diferentes religiões busquem um “caminho para a fé” também nas plataformas digitais. Tecnoespiritualidade | IA é treinada por influenciadores para ser como um guia Jovens acham que IA ajuda reduzir estresse no estudo, mas temem resposta errada Cientistas desenvolvem IA inspirada no cérebro humano que supera o ChatGPT A chamada “tecnologia da fé” já conta com chatbots em sites e aplicativos voltados principalmente ao público cristão, atraindo pessoas que encontram nessas ferramentas uma forma mais rápida e acessível de se conectar à religião no dia a dia. Essas plataformas funcionam como assistentes espirituais, e algumas chegam a personalizar as conversas de acordo com a religião do usuário e o motivo do contato com o chatbot de IA — como é o caso do ChatwithGod. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- "A pergunta mais comum que recebemos, de longe, é: ‘É realmente Deus com quem estou falando?’", destacou Patrick Lashinsky, diretor executivo do ChatwithGod, em entrevista ao The New York Times. Assistência espiritual online como um complemento O modelo personalizado do ChatwithGod é uma exceção, já que muitas plataformas religiosas direcionam os usuários às doutrinas e textos que podem responder a dúvidas e oferecer apoio em momentos de dificuldade — como um assistente espiritual. “As pessoas vêm até nós com todos os tipos de desafios: problemas de saúde mental, bem-estar, questões emocionais, trabalho e até dificuldades financeiras”, afirmou Laurentiu Balasa, cofundador do Bible Chat, aplicativo cristão com mais de 30 milhões de downloads. Ainda assim, os responsáveis por esses apps destacam que a proposta é complementar, e não substituir, as atividades presenciais e interações com a comunidade religiosa. "Não deve ser algo que substitua a conexão humana. Não tem alma do ponto de vista da igreja", ressaltou Alex Jones, fundador do Hallow, aplicativo voltado ao público católico. Os chatbots são treinados com textos religiosos, e seus desenvolvedores afirmam que consultam teólogos para validar as informações. Porém, essas plataformas são baseadas em grandes modelos de linguagem — assim como o ChatGPT e o Gemini — e, portanto, são projetadas para gerar respostas compatíveis com o que os usuários esperam ouvir. "Não se trata de discernimento espiritual, mas sim de dados e padrões”, afirmou Heidi Campbell, professora da Texas A&M que estuda tecnologia e religião. Adeptos da fé digital Delphin Collins, professora de pré-escola de 43 anos e moradora de Detroit, contou ao Times que utiliza os chatbots religiosos quando se sente sobrecarregada. Ela chegou a pedir até mesmo uma oração de cura após uma mulher de sua comunidade ter sido esfaqueada até a morte. "No meu bairro, quando as coisas não vão bem ou quando ouço notícias tristes, recorro ao aplicativo Bible Chat", relatou a docente. Preocupada com a saúde da mãe, que “está chegando ao fim da sua jornada de vida”, Karen Fugelo disse que recorre ao Hallow para se preparar emocionalmente para os momentos difíceis que pode enfrentar. Relisiosos recorrem a aplicativos como assistente espiritual no dia a dia (Unsplash/Road Ahead) O que pensam os líderes religiosos? De modo geral, os líderes religiosos ouvidos pelo Times apoiam o uso da IA no exercício da fé, desde que não substitua o papel das comunidades religiosas. “Há uma geração inteira de pessoas que nunca foi a uma igreja ou sinagoga. Aplicativos espirituais podem ser o caminho para a fé”, disse o rabino Jonathan Romain, líder do movimento judaico reformista britânico. Já o padre católico e podcaster Mike Schmitz é mais cauteloso quanto ao sucesso dessas plataformas. Ele ressalta a importância do contato humano nas comunidades religiosas e levanta preocupações sobre a privacidade dos dados. “Será que não há um perigo maior em abrir o coração para um chatbot? Será que, em algum momento, ele se tornará acessível a outras pessoas?", questionou o padre. Essa tendência mostra que as pessoas continuam buscando apoio espiritual em sua rotina, mas cada vez mais recorrem aos recursos tecnológicos para acessar esse auxílio. Leia mais:  Inteligência Artificial no trabalho atinge profissionais jovens e vagas caem 13% O que é a teoria da internet morta e por que Sam Altman deu prazo de três anos Definição de copyright é usada em processo de dicionário contra a própria IA VÍDEO | A IA VAI SUBSTITUIR OS MÉDICOS?   Leia a matéria no Canaltech.