
Guterres abre assembleia da ONU com apelo à 'necessidade imperativa do direito internacional' em Gaza

Ao abrir a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou para que as medidas estipuladas pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) sobre a guerra em Gaza sejam implementadas.
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— O TIJ emitiu medidas provisórias juridicamente vinculativas no caso denominado Aplicação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio na Faixa de Gaza. As medidas estipuladas devem ser implementadas, plena e imediatamente — afirmou Guterres durante o discurso.
O secretário-geral disse também existir uma "destruição sistemática" no enclave:
— Em Gaza, os horrores estão se aproximando de um terceiro ano monstruoso. São o resultado de decisões que desafiam a humanidade. A escala de morte e destruição está além de qualquer outro conflito durante meus anos como secretário-geral
O secretário-geral também pediu por um cessar fogo em conflitos internacionais, como os que ocorrem no Sudão, Ucrânia e na Faixa de Gaza:
— [Sobre] a punição coletiva do povo palestino e a destruição sistemática de Gaza, sabemos o que é necessário: um cessar-fogo permanente agora. Libertação de todos os reféns agora. Acesso humanitário total agora. E não devemos desistir da única resposta viável para uma paz sustentável no Oriente Médio: uma solução de dois Estados, como foi tão eloquentemente reafirmado ontem. Devemos reverter urgentemente as tendências perigosas no terreno. A expansão implacável de assentamentos e a violência, bem como a ameaça iminente de anexação, precisam parar.
Durante seu discurso na Assembleia Geral, Guterres disse que os cortes à ajuda internacional da ONU "estão causando estragos".
—[Os cortes] são uma sentença de morte para muitos. Um futuro roubado para muitos outros — disse ele, sem mencionar os Estados Unidos, responsáveis por muitos dos cortes.
Desde janeiro, o corte de verbas para projetos alinhados à agenda “woke” (ligados à igualdade racial, social e de gênero) por parte do governo Trump está levando diversas organizações a se reestruturarem. O primeiro alvo de Trump foi a Usaid (Agência dos EUA para Desenvolvimento Internacional), responsável por 42% da ajuda humanitária global monitorada pela ONU em 2024.
— A ONU é uma bússola moral e uma força para a paz, uma guardiã do direito internacional. Entramos em uma era de perturbação imprudente e sofrimento humano implacável. Olhem ao redor: os princípios das Nações Unidas que vocês estabeleceram estão sob cerco — disse António Guterres.