Grupo 764: pai diz que filho foi vítima de comunidade online que glorifica violência e é acusada de explorar menores
Uma adolescente de 15 anos foi encontrado morto em sua casa no dia 6 de novembro. Bryce Tate, estudante do segundo ano do ensino médio americano, jogava basquete quando recebeu uma mensagem misteriosa. Três horas depois, ele foi encontrado morto.
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De acordo com seu pai, Adam Tate, ele foi alvo do grupo conhecido como 764: “Eles são demônios, covardes, pessoas horríveis, piores que criminosos”, disse em entrevista ao New York Post: “Eles agiram como uma garota local de 17 anos. Sabiam de tudo: a academia que ele ia, os amigos dele. Sabiam que ele jogava basquete pelo colégio”
Bryce Tate teria sido uma das vítimas do Grupo 764
Reprodução/Instagram
O garoto teria sido levado a mandar fotos explícitas para o criminoso responsável pelo perfil falso. Eventualmente, o personificador pede dinheiro em troca de não divulgar as fotos enviadas; como Bryce não tinha o suficiente, ele preferiu outra saída.
Satânicos, niilistas e ‘piores que criminosos’: o grupo 764
A comunidade online conhecida como 764 não é novidade. Ela já tem aparecido nas páginas de jornais há alguns anos, tendo sido ligada a casos hediondos como a filha de Christina (nome fictício), que foi obrigada a práticas atos sexuais e de automutilação em uma videochamada: “Eles a esmagaram completamente para fazê-la sentir que não era absolutamente nada sem eles ou com eles”, disse a mãe em entrevista à BBC
Definido pela Liga Anti-Difamação, o grupo 764 é um “rede global de comunidades online que glorifica a violência e prática diversos tipos de crimes, de extorsão sexual a doxxing [divulgação de dados pessoas sem permissão da vítima]”.
Ela teria nascido em 2021 como “A Comunidade”, baseando suas crenças em uma mistura de niilismo, misantropia e neo-nazismo pelas mãos de Bradley “Felix” Cadenhead, de 15 anos, que utilizou os números iniciais do CEP local para dar nome ao grupo. Ele foi preso ainda em 2021 e atualmente está servindo uma pena de 80 anos numa prisão no Texas, nos Estados Unidos.
“Diferente de grupos extremistas tradicionais, movidos por questões políticas, os membros do 764, que são, em sua maioria, também menores de idade, preferem focar no status: eles querem ser influentes dentro da própria comunidade”, diz a Liga Anti-Difamação. A violência, para eles, não é um meio de atingir um objetivo, como é comum a grupos terroristas, mas sim o objetivo.
Em abril deste ano, o escritório do procurador do distrito de Columbia anunciou ter prendido dois líderes da organização: Leonidas Varagiannis, conhecido como War, de 21 anos, um americano preso na Grécia, e Prasan Nepal, “Trippy”, de 20 anos, foi preso na Carolina do Norte. Eles teriam abusado de pelo menos oito menores, fazendo com que as vítimas cometessem atos de automutilação, atos sexuais, machucassem animais, abusassem de outros menores, homicídio e suicídio entre 2020 e 2025, pelo menos.
Assim que uma vítima era identificada, os membros de 764 e seus afiliados — como o No Lives Matter, que é mais focado em violência do que extorsão sexual — tentam fazer com que entrassem em canais no Discord ou Telegram. Utilizando keyloggers — um tipo de malware que transmite todas as teclas pressionadas num dispositivo — e IPLoggers — que, por meio do IP, conseguem a localização aproximada da vítima — escondidos em arquivos teoricamente inofensivos, conseguem obter informações pessoais da vítima.
Na primeira imagem, foto de perfis e nomes de integrantes do grupo. Na direita, um manual de como aliciar menores
Reprodução/Escritório do Procurador do Distrito de Columbia, EUA
Assim, conseguiam se aproximar mais facilmente, como foi no caso de Bryce Tate, que acreditou estar conversando com uma menina local de 17 anos. Assim que o criminoso sentia ter confiança o suficiente da vítima, ele começa a cometer os crimes, como foi feito com Tate.
De acordo com o comunicado, essa comunidade global utilizava “conteúdo de abuso sexual infantil e outros conteúdos violentos como forma de moeda digital dentro da rede do 764”. “Esses réus são acusados de orquestrar uma das mais hediondas organizações de abuso infantil jamais vista — uma rede construída com base no terror, no abuso e no foco deliberado em crianças”, disse a procuradora Pamela Bondi.
“Eu sempre vou respeitar meu filho, ele era hilário. Uma criança divertida, bobo. Quando você ficou perto dele, você não conseguia não ficar feliz, mesmo tendo um dia ruim”, disse Adam Tate.
