Greve nos Correios aumenta atrasos de encomendas às vésperas do Natal

 

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A paralisação de funcionários dos Correios tem provocado um aumento significativo nos atrasos na entrega de encomendas às vésperas do Natal, período de maior volume de envios no país. Na semana passada, 12 sindicatos em nove estados aprovaram greve por tempo indeterminado, afetando estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O índice de entregas dentro do prazo já vinha em queda ao longo do ano, principalmente por causa das dívidas dos Correios com fornecedores. Com a greve, a situação se agravou e passou a impactar diretamente consumidores e comerciantes, que relatam prejuízos financeiros e desgaste na relação com clientes.

A empresária Camila Nunes, dona de uma loja de biquínis no Rio de Janeiro, afirma que o problema tem afetado a reputação da marca justamente no período de maior volume de vendas.

‘A gente orienta que as clientes peçam por Sedex nesse período, porque é um envio mais rápido, e acabou sendo um tiro no pé. Estamos com cerca de 20 clientes que não receberam os pedidos no prazo. Do dia 14, 15 até hoje, os rastreamentos pararam totalmente, sem nenhuma movimentação. Isso gera uma experiência ruim com a nossa marca e acaba em reclamações no Reclame Aqui’, relata.

Entre os consumidores, as queixas também se multiplicam. A vendedora Adriana Manzoli conta que fez uma compra no fim de novembro e ficou dez dias sem qualquer atualização no rastreamento.

‘Fiz a compra no dia 28 de novembro. No dia 9 ela foi coletada pelos Correios e a última atualização foi em 11 de dezembro. Ficou parada, passou da data de entrega, que era 18 de dezembro. Abri uma manifestação, não tive retorno e até agora não tenho previsão’, afirma.

Diante das paralisações, o Tribunal Superior do Trabalho apresentou, na semana passada, uma proposta de mediação entre os sindicatos e a empresa. Entre os principais pontos está um reajuste salarial de 5% a partir de janeiro do ano que vem, com pagamento retroativo apenas a partir de abril.

A proposta, no entanto, não foi bem recebida pelas entidades sindicais. Assembleias estão sendo realizadas em todo o país até a noite desta terça-feira para avaliar o documento.

O secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, Emerson Marinho, afirmou à CBN que a orientação é para rejeição da proposta e defesa de uma greve nacional. Para isso, ao menos 20 dos 31 sindicatos filiados precisam aprovar a paralisação.

Durante uma nova audiência nesta terça-feira, o Tribunal Superior do Trabalho elaborou uma segunda proposta, que deve ser analisada até o dia 29 de dezembro, na tentativa de evitar a greve nacional. A federação informou que ainda não foi oficialmente notificada sobre o novo texto, mas disse estar aberta a novas negociações.

A CBN procurou os Correios, mas não obteve resposta até o momento.