Governo do Benim, na África, anuncia 'fracasso' de tentativa de golpe

 

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O governo do Benim, na África Ocidental, anunciou neste domingo o "fracasso" de uma tentativa de golpe, poucas horas depois de um grupo de soldados ter anunciado a "deposição" do presidente Patrice Talon.

"Um pequeno grupo de soldados iniciou uma revolta com o objetivo de desestabilizar o Estado e suas instituições. Diante dessa situação, as Forças Armadas do Benim e sua hierarquia (...) conseguiram manter o controle da situação e frustrar a manobra", anunciou o ministro do Interior, Alassane Seidou, em pronunciamento na televisão.

O presidente Patrice Talon, que deve deixar o poder em abril após dois mandatos, está em segurança, segundo seus assessores.

Diversas testemunhas disseram à AFP ter ouvido "tiros" ou "rajadas de tiros" em Cotonou, a capital econômica do país.

Na madrugada de domingo, um grupo de oficiais militares autodenominado Comitê Militar para a Refundação (CMR) afirmou ter "deposto" o presidente Talon na televisão estatal do Benin, cujo sinal foi cortado logo em seguida.

Pouco depois do anúncio, uma fonte próxima ao presidente disse à AFP que ele estava em segurança e que o exército estava retomando o controle.

"Trata-se de um pequeno grupo que controla apenas a emissora de televisão. O exército regular está retomando o controle. A cidade (Cotonou, a capital econômica) e o país estão completamente seguros, assim como o presidente e sua família", disse a fonte à AFP.

Enquanto isso, a embaixada francesa informou à agência X que "foram ouvidos tiros no Campo Guezo, próximo à residência do Presidente da República" e pediu aos cidadãos franceses que permanecessem em suas casas "por motivos de segurança".

Uma fonte militar confirmou que a situação está "sob controle" e que os golpistas não tomaram "nem a residência do chefe de Estado nem o palácio presidencial".

"É apenas uma questão de tempo até que tudo volte ao normal. A limpeza está em andamento", acrescentou a fonte.

Neste domingo, o acesso à televisão nacional e ao palácio presidencial foi bloqueado pelos militares, confirmou um jornalista da AFP.

O acesso também foi proibido a diversas áreas de Cotonou, incluindo o Hotel Sofitel e os bairros que abrigam instituições internacionais.

No entanto, não houve relatos de presença militar no aeroporto ou no restante da cidade, onde os moradores continuaram com suas atividades normais.

A história política do Benin é marcada por diversos golpes de Estado e tentativas de golpe.

Patrice Talon, no poder desde 2016, completará seu segundo mandato em abril de 2026, o máximo permitido pela Constituição.

O principal partido de oposição está excluído das próximas eleições, que colocarão o partido governista contra um opositor considerado "moderado".

Embora reconhecido pelo desenvolvimento econômico do Benin, a oposição critica Talon por uma guinada autoritária em um país outrora conhecido por sua vibrante democracia.

O Benim possui uma economia forte, mas tem sido afetado pela violência jihadista no norte do país.

Desde o início da década, a África Ocidental tem testemunhado inúmeros golpes de Estado em países como Mali, Burkina Faso, Níger, Guiné e, mais recentemente, no final de novembro, Guiné-Bissau.