Governistas elevam o tom e dizem que Motta não tem mais condições de presidir a Câmara

 

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A retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da cadeira da Presidência da Câmara desencadeou um movimento imediato de parlamentares governistas contra Hugo Motta (Republicanos-PB), acusado de perder as condições de seguir no comando da Casa. 

Sob ameaça de cassação por quebra de decoro, Glauber ocupou a cadeira da Presidência por cerca de uma hora. A Polícia Legislativa foi chamada e o retirou à força, em meio a tumulto e relatos de agressões a parlamentares. Em seguida, a Mesa restringiu o acesso ao plenário, expulsando jornalistas e assessores, o que inflamou ainda mais o clima.

Mais tarde, quando a sessão foi retomada. Parlamentares da base fizeram discursos duros, com críticas públicas inéditas.

Quem abriu a reação foi o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ):

— Vossa excelência está perdendo as condições de seguir na presidência dessa Casa.

Na mesma toada, Tarcísio Motta (PSOL-RJ) declarou que o presidente “não está à altura de presidir a Câmara”.

Erika Kokay (PT-DF) acusou Motta de violar o próprio regimento ao retirar a imprensa:

— Houve violência contra parlamentares que estão sendo atendidos neste momento, carregando na pele a violência propagada por vossa excelência. É preciso que reveja sua atitude.

Ao sair do plenário, Glauber falou rapidamente à imprensa, acompanhado pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e por aliados do PSOL. Em seguida, seguiu para atendimento médico. 

Antes, afirmou que permaneceria “até o limite das forças” e criticou o que chamou de tratamento distinto dado pela Mesa a bolsonaristas que ocuparam a mesa diretora em 2023.

Governo tenta adiar dosimetria

A confusão ocorre em um dia de pauta carregada e sensível para o Palácio do Planalto. O governo tenta adiar a sessão para retirar de votação o projeto da dosimetria, depois que o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) afirmou que o texto pode reduzir a pena do ex-presidente Jair Bolsonaro a dois anos e três meses em regime fechado.

Em contrapartida, está em pauta um item considerado prioridade para o Executivo, o projeto do devedor contumaz, também previsto para hoje. Governistas estão dispostos a deixar a proposta de lado, que é uma prioridade fiscal para a Fazenda, como um gesto de apoio a Glauber e em prol do adiamento da dosimetria.