Galáxia gigante de 12 bilhões de anos é descoberta e desafia teoria da formação do universo; entenda
A descoberta de uma galáxia espiral totalmente formada, datada de quando o Universo tinha apenas 1,5 bilhão de anos, está desafiando conceitos fundamentais da cosmologia moderna. Identificada por astrônomos do Centro Nacional de Radioastrofísica da Índia (NCRA-TIFR) a partir de observações do Telescópio Espacial James Webb, a estrutura — batizada de Alaknanda — tem cerca de 12 bilhões de anos e revela um cenário muito mais organizado no cosmos primitivo do que se imaginava.
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Segundo o estudo, publicado em novembro na revista Astronomy and Astrophysics, a galáxia tem cerca de 30 mil anos-luz de diâmetro, um terço do tamanho da Via Láctea, e abriga aproximadamente 10 bilhões de estrelas. Para os pesquisadores Rashi Jain e Yogesh Wadadekar, responsáveis pela análise, é surpreendente que uma espiral tão simétrica, com dois braços bem definidos e um núcleo brilhante, tenha se formado tão cedo na história do Universo.
— A galáxia é notavelmente semelhante à Via Láctea, apesar de existir quando o cosmos tinha apenas 10% da idade atual — afirma o professor Wadadekar. — Ela teve de reunir massas estelares imensas e, ao mesmo tempo, desenvolver um disco espiral em algumas centenas de milhões de anos. Isso é incrivelmente rápido para padrões cosmológicos.
De acordo com a rede inglesa BBC, a estrutura foi identificada por Jain enquanto ela analisava um conjunto de 70 mil objetos captados pelo JWST, lançado em 2021 pelas agências espaciais dos EUA, Europa e Canadá. Entre os milhares de registros, apenas um se revelava uma espiral gigantesca. A pesquisadora conta que ficou “muito entusiasmada” ao notar os braços simétricos e o padrão luminoso característico de galáxias espirais contemporâneas.
A descoberta contrasta com a visão dominante entre astrônomos de que o chamado “alvorecer cósmico” — período logo após o Big Bang — teria sido marcado por galáxias pequenas, irregulares e caóticas. As observações sugerem que o Universo primitivo pode ter sido mais eficiente e organizado na formação de estruturas complexas.
— Essa galáxia é uma exceção rara, mas essas exceções abalam nossa compreensão do passado — afirma Jain. — O Webb tem mostrado que o Universo era muito mais maduro em seus primórdios e que formas sofisticadas surgiram antes do que pensávamos possível.
As imagens mais antigas do JWST mostravam manchas vermelhas e borrões, mas, nos últimos anos, o telescópio tem revelado galáxias espirais completas em períodos cada vez mais remotos. Alaknanda, entretanto, destaca-se pela escala e simetria.
A luz que chega hoje à Terra saiu da galáxia há 12 bilhões de anos, o que significa que seu estado atual permanece desconhecido.
— Quando me perguntam onde ela está hoje, eu digo: esperem mais 12 bilhões de anos para descobrir — brinca Wadadekar.
Os pesquisadores planejam solicitar novas observações com o próprio James Webb ou com o Observatório Alma, no Chile, para investigar como a galáxia conseguiu desenvolver braços espirais tão cedo.
