Fundo de florestas pode reunir US$ 10 bilhões no primeiro ano, diz Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o novo fundo global para financiar preservação de florestas a ser anunciado antes da COP 30 tem compromissos suficientes para chegar a um valor robusto já no primeiro ano.
O Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), uma iniciativa do Brasil com um grupo de outros 11 países desenvolvidos e em desenvolvimento, deve também receber novos anúncios de aporte durante a conferência do clima, afirmou Haddad, em evento sobre clima promovido pela Bloomberg em São Paulo.
— As pessoas com quem eu converso acham que é (esse objetivo) realista num ano de presidência do Brasil, porque a rigor é o ano que vem que estamos assumindo a presidência — disse a jornalistas sobre as negociações com as nações parceiras. — Se a gente terminar o primeiro ano com US$ 10 bilhões de dólares de recursos públicos, seria um grande efeito, porque até aqui ninguém colocou nada relevante na mesa.
Segundo o ministro, nesta rodada estão entrando apenas recursos estatais de fundos soberanos, que vão criar o lastro para tornar o fundo atraente a investidores privados posteriormente.
— Mas a meta que todos nós estamos nos colocando é de, durante a presidência do Brasil, chegar a US$ 10 bilhões de dinheiro público — afirmou — Depois podem vir as fundações, os fundos de pensão, as empresas...
Segundo Haddad, o objetivo durante esse período é conseguir atrair mais alguns países ricos para o fundo, que não funcionam como doação, e sim como investimento. Após o período de um ano, os beneficiários já começariam a receber aportes de recursos oriundos do spread de investimento, o saldo entre os recursos aportados e seu rendimento.
— Após chegarmos aos US$ 10 bilhões, bastaria que alguns países do G20 aderissem para a gente começar a remunerar os países que mantêm florestas tropicais, sobretudo os que estão endividados, porque eles não têm recursos para manter as suas florestas. O TFFF viria em suporte dessa iniciativa — disse.
Haddad também falou na entrevista coletiva de hoje sobre o Redata, o projeto brasileiro de desenvolvimento para tentar atrair empresas de datacenters para o país. Existe uma preocupação ambiental sobre o projeto, que pode elevar muito a demanda por energia no país.
Datacenters e o ambiente
Datacenters também consomem muita água para resfriamento de processadores, e a principal região do país interessada no Redata, o Nordeste, sofre com problemas de recursos hídricos com mais frequência do que o resto do país.
— O Redata não tem preferência de região. Ele vale como uma política nacional — afirmou.
Apesar de governadores nordestinos terem manifestado interesse em que a região recebam a maioria dos eventuais datacenters que venham a se instalar no país, Haddad falou que isso não deve ocorrer.
— Não é a disposição nossa concentrar em uma região, até porque não seria bom, nem do ponto de vista do desenvolvimento regional nem do ponto de vista logístico — disse — Nós temos um sistema elétrico integrado. Você plugou na rede, está recebendo energia do país inteiro, como se fosse um sistema só.
Haddad disse que a matriz elétrica do Brasil, concentrada nas hidrelétricas, é um trunfo do país diante dos investidores, que buscam oferta de energia com baixa emissão de carbono.
Ele ressaltou, porém, que um planejamento energético precisa ser feito para conseguir acomodar o projeto no país
— Nós estamos agora enfrentando o desafio do armazenamento dessa energia limpa, porque a geração eólica solar é intermitente. Você tem períodos de geração e à noite você nem sempre gera. Então, tem toda uma gama de providências que têm que ser tomadas — afirmou.
