Fluminense, Botafogo e Vasco: entre a percepção desta temporada e a expectativa da próxima
Para todos os efeitos, o ano do Flamengo acabou na semana que passou. Campeão da Libertadores no sábado e do Brasileiro na quarta, o time de Filipe Luís viajou para o Catar escoltado por um AeroFla diferente, com muito mais festa do que expectativa — daqui para a frente, o que vier é lucro. Já os outros clubes cariocas não podem se dar ao mesmo luxo. Cada um tem, a partir deste domingo, decisões que vão influenciar o destino da próxima temporada e a percepção da atual.
O Fluminense parece ser o que tem menos a perder, nos dois sentidos. Uma vitória hoje, no confronto direto com o Bahia, garante vaga direta na Libertadores, e se ela não vier, ainda não será terra arrasada. Ganhar a Copa do Brasil também vale a passagem para a fase de grupos, com o bônus de um título. Não será o mesmo que levantar duas taças no mesmo ano, como Botafogo e Flamengo fizeram recentemente. Mas a lista de quem consegue ser campeão de mais de uma competição, mesmo que em temporadas diferentes, está ficando cada vez mais restrita no futebol brasileiro.
O Botafogo já está nela. E isso, na nossa cultura futebolística, significa que o nível de exigência subiu. Terminar o ano sem nenhuma conquista está sendo visto pela torcida como uma decepção — não por acaso, a presença de público no Nilton Santos diminuiu desde a eliminação na Libertadores. Hoje, contra o Fortaleza, numa última rodada em que ainda há muito em jogo, a expectativa não é de arquibancada cheia.
Assim como para os tricolores, um mau resultado hoje não significa que a temporada de 2026 estará comprometida. O pior que poderá acontecer será disputar a fase eliminatória da Libertadores— aquela que todo mundo, menos quem participa dela, gosta de chamar de pré. Já o Vasco não pode se dar a esse luxo. O único caminho para a América é ganhar a Copa do Brasil. Na última rodada do Brasileiro, só será possível garantir um lugar na Sul-Americana.
E aí poderia haver um dilema entre os próprios cruzmaltinos: será que o clube, ainda envolvido na retomada da SAF, já está preparado para o desafio financeiro de disputar a principal competição do continente? Mas o que está no caminho é um título, e para quem viu todos os rivais comemorarem nas últimas temporadas enquanto sua própria realidade era lutar contra o rebaixamento, essa possibilidade parece encerrar qualquer discussão.
Resumindo: o Botafogo vai conhecer hoje seu destino, o Vasco só depois da Copa do Brasil, e o Fluminense, em algum ponto desse caminho. Mas não custa lembrar que 2026 já deixou de ser um conceito distante. Falta menos de um mês para o ano que vem, e o novo calendário do futebol brasileiro vai chegar chegando. Portanto, decisões como manter ou não o treinador — algo que no momento parece afligir apenas os alvinegros — precisam ser tomadas o quanto antes. Se em 2025 esperar até abril já se mostrou um erro, com o Brasileiro começando em janeiro o risco fica exponencialmente maior.
O segredo é manter a concentração no meio desse barulho todo. Só não me pergunte como se faz. Cada um há de encontrar seu caminho — eu, para fechar esta coluna; os clubes, para virar o ano.
