Flávio visita Bolsonaro na prisão após vaivém sobre candidatura à Presidência em 2026

 

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) visita nesta terça-feira pela manhã na prisão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no primeiro encontro depois que a pretensão do parlamentar de se candidatar à Presidência em 2026 veio a público.

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O lançamento foi definido na semana passada, após uma visita anterior de Flávio ao pai, que está detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília após ter sido condenado a 27 anos e tr~es meses de prisão pela tentativa de golpe de Estado.

O anúncio, na última sexta-feira, foi sucedido por um vaivém sobre a candidatura e por resistências manifestadas pelo Centrão.

A avaliação do bloco partidário é que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro não seria capaz de unir a oposição. Também pesam contra ele as pesquisas de intenção de voto indicando uma alta rejeição carregada pelo sobrenome e a preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A insatisfação, que já vinha sendo demonstrada nos bastidores, veio a público com a manifestação do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI). O ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro disse que as candidaturas com potencial competitivo do bloco são as de Tarcísio e do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD).

— O senador Flávio é um dos melhores amigos que tenho na vida pública. Só que política não se faz só com amizade, se faz com pesquisas, viabilidade, ouvindo os partidos aliados. Não pode ser uma decisão apenas do PL, tem que ser construída. É importante nós unificarmos todo o campo político de centro e da direita, senão nós não vamos ganhar a eleição — disse Nogueira.

Na tentativa de aparar as arestas e construir um caminho, Flávio reuniu Nogueira e os presidentes do União Brasil, Antonio Rueda, e do PL, Valdemar Costa Neto, em um jantar em sua casa, em Brasília. Foi o gesto mais agudo de articulação desde o anúncio, na sexta-feira, de que foi o escolhido pelo pai para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.

No encontro, o senador pretendia, segundo interlocutores, convencer a cúpula dos partidos de que pode ser competitivo. Além disso, buscava desfazer a má repercussão em torno da declaração de que teria um “preço” para desistir de concorrer, em referência indireta à tentativa de aprovar uma anistia aos envolvidos nos atos do 8 de Janeiro, o que beneficiaria também seu pai.

A frase, dita dois dias depois do anúncio, foi encarada como um erro por fragilizar uma candidatura que já nasceu sob questionamentos.

— Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu vou negociar. Tenho um preço para não ir até o fim — disse no domingo após participar de um culto em Brasília.

A negociação em torno da anistia travou exatamente porque o relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), vem reforçando que não vai tratar do perdão irrestrito, mas da redução de penas. Como o PL só admite a anistia, a tramitação emperrou, e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), só levará adiante se houver um consenso que hoje parece distante.

— O PL voltou a falar em anistia. Desde o início, eu estou dizendo que não tem nenhuma possibilidade de ter anistia no meu relatório. O que tem é uma redução de penas que solta as pessoas que foram presas no dia 8 de janeiro — disse Paulinho em um vídeo distribuído nas redes sociais.

Na tentativa de minimizar o efeito da declaração, Flávio afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que a candidatura é “irreversível”, não está “à venda” e que o sobrenome é uma vantagem sobre Tarcísio. O senador acrescentou que não vê possibilidade de os dois concorrerem, porque “seria uma ignorância muito grande, e ignorante é tudo o que o Tarcísio não é”. Procurado, Flávio não se manifestou.

Os números mais recentes do Datafolha, no entanto, indicam uma situação melhor do governador de São Paulo. De acordo com o instituto, Lula marcaria 51% contra 36% de Flávio em um eventual segundo turno, diferença de 15 pontos percentuais. Já no cenário contra Tarcísio, Lula teria 47%, cinco pontos a mais que o governador, com 42%. A situação é semelhante em outro quadro pesquisado: Lula assinala 47%, enquanto Ratinho Junior fica com 41%.

Os dados de rejeição também indicam as dificuldades de Flávio. Mesmo sem nunca ter ocupado um cargo no Executivo, posição que traz desgastes naturais, Flávio vê 38% dos eleitores dizerem que não votariam nele. O índice é inferior ao de Lula (44%), mas supera os de Ratinho (21%) e Tarcísio (20%).