Flávio não avisou partidos com antecedência e Ciro e Rueda vão ouvir bancadas sobre apoio, diz líder da oposição no Senado

 

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O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou que a decisão do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de lançar a candidatura à Presidência não foi comunicada com antecedência aos partidos aliados. Em reunião na noite desta segunda-feira, o parlamentar pediu apoio de PP e União Brasil, cujos comandos não endossaram publicamente sua pretensão.

Ainda de acordo com Marinho, os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União, Antonio Rueda, ouviram os argumentos de Flávio e disseram que vão ouvir as legendas antes de anunciar qualquer decisão.

—A decisão (de lançar Flávio) não foi comunicada com antecedência aos partidos aliados, e hoje foi um momento de conversarmos sobre como se deu essa definição. Tanto o Ciro quanto o Rueda ouviram e foram receptivos e vão conversar com seus partidos para tomar uma decisão — disse Marinho. — O lançamento foi sexta-feira, então tem um período de maturação. A partir daí, as lideranças vão tomar as decisões. Vamos buscar atrair o centro e a centro-direirta,

Marinho foi escalado como porta-voz do encontro que reuniu Flávio, Rueda, Nogueira e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, foi convidado, mas não compareceu.

O lançamento de Flávio foi definido na semana passada e sucedido por um vaivém sobre a candidatura e por resistências manifestadas pelo Centrão.

A avaliação inicial do Centrão é que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro não seria capaz de unir a oposição. Também pesam contra ele as pesquisas de intenção de voto indicando uma alta rejeição carregada pelo sobrenome e a preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A insatisfação, que já vinha sendo demonstrada nos bastidores, veio a público com a manifestação do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI). O ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro disse na manhã de segunda, antes do encontro com os aliados à noite, que as candidaturas com potencial competitivo do bloco são as de Tarcísio e do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD).

— O senador Flávio é um dos melhores amigos que tenho na vida pública. Só que política não se faz só com amizade, se faz com pesquisas, viabilidade, ouvindo os partidos aliados. Não pode ser uma decisão apenas do PL, tem que ser construída. É importante nós unificarmos todo o campo político de centro e da direita, senão nós não vamos ganhar a eleição — disse Nogueira.

Flávio lidava ainda com a má repercussão em torno da declaração de que teria um “preço” para desistir de concorrer, em referência indireta à tentativa de aprovar uma anistia aos envolvidos nos atos do 8 de Janeiro, o que beneficiaria também seu pai.

A frase, dita dois dias depois do anúncio, foi encarada como um erro por fragilizar uma candidatura que já nasceu sob questionamentos.

— Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu vou negociar. Tenho um preço para não ir até o fim — disse no domingo após participar de um culto em Brasília.

Após a reunião, Marinho disse que Flávio em nenhum momento tratou a candidatura como um "balão de ensaio".

Os números mais recentes do Datafolha, no entanto, indicam uma situação melhor do governador de São Paulo. De acordo com o instituto, Lula marcaria 51% contra 36% de Flávio em um eventual segundo turno, diferença de 15 pontos percentuais. Já no cenário contra Tarcísio, Lula teria 47%, cinco pontos a mais que o governador, com 42%. A situação é semelhante em outro quadro pesquisado: Lula assinala 47%, enquanto Ratinho Junior fica com 41%.

Os dados de rejeição também indicam as dificuldades de Flávio. Mesmo sem nunca ter ocupado um cargo no Executivo, posição que traz desgastes naturais, Flávio vê 38% dos eleitores dizerem que não votariam nele. O índice é inferior ao de Lula (44%), mas supera os de Ratinho (21%) e Tarcísio (20%).