Flávio diz que é 'um Bolsonaro centrado' e 'mais moderado' que o pai: 'Ele não quis tomar vacina, eu tomei duas doses'

 

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), pré-candidato à Presidência, afirmou ter os mesmos princípios do pai, Jair Bolsonaro, mas ressaltou que nenhum ser humano é igual ao outro. De acordo com o parlamentar, ele é um Bolsonaro centrado, com opiniões próprias e que em vários momentos tem entendimentos diferentes do ex-presidente. Ainda para Flávio, apesar da resistência da cúpula do Centrão, sua candidatura é irreversível e não está à venda.

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— Tenho os mesmos princípios, tenho o sangue Bolsonaro, mas nenhum ser humano é igual ao outro. Em vários momentos, ele tinha um entendimento, eu tinha outro. Ele não quis tomar vacina (contra a Covid), eu tomei duas doses — afirmou Flávio, nesta segunda-feira, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. — Muita gente pedia: Bolsonaro, você tem que ser mais moderado. Sou eu. Bolsonaro mais moderado.

Ao mesmo tempo, o senador destaca que seu sobrenome o faz partir de um piso bastante alto na corrida presidencial. Segundo ele, os partidos que não endossarem sua eleição terão que pesar se vale a pena lançar candidatos próprios capazes de comprometer pleitos mais viáveis para governos estaduais e Senado.

Esse é o caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado para disputar a presidência, mas bem avaliado para conquistar a reeleição em 2026. Em relação a ele, Flávio disse que o governador sempre foi transparente e leal, e que ambos atendem aos mesmos requisitos:

— É um cara que eu não tenho dúvida: a gente vai estar junto. Eu vou subir no palanque dele para governador de São Paulo, ele vai me ajudar na candidatura à Presidência. Vamos largar de São Paulo com 10% de vantagem sobre o PT — frisou.

Flávio também minimizou a reação do mercado com sua candidatura. Na última sexta-feira, logo após o anúncio, o dólar comercial subiu, e a Bolsa de Valores de São Paulo, que se valorizava pela manhã, passou a cair. Ele ressaltou que o foco será construir um time de referências em diversas áreas, começando pelo objetivo de continuar o projeto do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.

— Converso com Guedes de vez em quando. É um gênio. Vou começar a colocar no papel de forma muito antecipada qual vai ser a nossa plataforma de resgate do Brasil. Não estou falando de nome de ministro, para fazer plano de governo, nada disso. É um conselheiro importante — explicou.

Tarcísio se pronunciou

Na segunda-feira, Tarcísio se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto. O governador indicou apoio a Flávio, com a ressalva de que ainda há muito tempo até a eleição presidencial:

— Isso aí (pesquisas) a gente vai avaliar ao longo do tempo. Acho que está cedo. O presidente Bolsonaro é uma pessoa que eu respeito muito, sempre disse que eu serei leal a ele. Isso é inegociável. O Flávio vai contar com a gente. Ele tem uma grande responsabilidade a partir de agora, porque se junta a outros grandes nomes da oposição, como (Romeu) Zema, (Ronaldo) Caiado e Ratinho Júnior, todos extremamente qualificados.

Na tentativa de aparar as arestas e construir um caminho, Flávio reuniu na segunda-feira Nogueira e os presidentes do União Brasil, Antonio Rueda, e do PL, Valdemar Costa Neto, em um jantar em sua casa, em Brasília. Foi o gesto mais agudo de articulação desde o anúncio, na sexta-feira, de que foi o escolhido pelo pai para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.

Dos três, só Valdemar endossou publicamente a candidatura de Flávio. Sem citá-lo, Rueda afirmou na sexta-feira que em 2026 “não será a polarização que construirá o futuro, mas a capacidade de unir forças em torno de um projeto sério e responsável”.

— O PL vai ter mais de 20% de televisão, vai ter fundo partidário, vai ter o povo, vai ter a militância aguerrida. Não preciso de mais nada — disse Flávio à Folha, questionado se Valdemar está convicto de sua candidatura.