Flávio Bolsonaro fala em 'continuidade' de projeto de Paulo Guedes e critica política econômica do governo
Depois de ter minimizado a reação negativa do mercado financeiro ao anúncio de sua pré-candidatura à presidência, o senador Flávio Bolsonaro (PL) acenou para o grupo com falas sobre a redução da cobrança de impostos. Ele também antecipou críticas à política econômica do governo Lula (PT) e voltou a dizer que deseja continuidade ao projeto iniciado pelo ex-ministro e economista Paulo Guedes. Os comentários foram feitos em entrevista concedida na tarde desta quinta-feira ao podcast Irmãos Dias, focado no público de investidores e na discussão sobre negócios e empreendedorismo.
— Eu acredito no livre mercado e acho que temos que continuar por essa linha de desburocratização, porque quem move a economia são os empreendedores da iniciativa privada, não é o governo. No máximo, pode induzir um pouquinho num segmento ou outro que tenha algum desequilíbrio momentâneo, mas 99% é a iniciativa privada. E o Paulo Guedes, que teve toda a autonomia do presidente Bolsonaro, fez isso. Independente do nome que vai estar com a gente, vai ser um nome nessa linha, para dar continuidade ao que ele [Paulo Guedes] fez — disse.
Durante a entrevista, o senador também se colocou novamente como uma versão de Bolsonaro mais "moderada" e "centrada". Ao se autodescrever, além de mencionar "22 anos de experiência na esfera pública e quatro mandatos", afirmou ter "MBA em políticas públicas e governo e em empreendedorismo e novos negócios". Na ocasião, também fez comentários sobre o "ambiente de negócios ruim do país" e criticou medidas tomadas pelo atual governo que, de acordo com ele, quer "aumentar a arrecadação metendo a mão no bolso do contribuinte".
— Lula tira a carteira de trabalho da pessoa para dar o cartão do Bolsa Família, ele quer manter as pessoas dependentes de políticos. O caminho que a gente quer propor para o Brasil vai no sentido oposto. Eu quero que as pessoas não dependam de político para fazer nada, para conseguir ter um bom emprego, abrir sua própria empresa e ganhar mais para poder dar dignidade para a sua família. Essa eleição não vai ser Lula e Bolsonaro, mas sim o caminho da prosperidade contra o caminho das trevas — disse durante a entrevista.
As declarações vieram após a reação negativa à sua candidatura do mercado financeiro, que tem demonstrado preferência pela indicação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para disputar o Planalto. Na última sexta-feira, logo depois do anúncio do seu nome como sucessor do pai nas urnas, o dólar comercial subiu, e a Bolsa de Valores de São Paulo, que se valorizava pela manhã, passou a cair. A mesma resposta foi dada por investidores no início desta semana, depois de o senador dizer que sua candidatura não seria "experimental".
A reação também chegou a ser criticada por Carlos Bolsonaro (PL-RJ), vereador pelo Rio e irmão do senador. Em uma publicação no X na terça-feira, ele se referiu à Faria Lima — avenida que representa o centro de negócios em São Paulo — pela expressão "Faria Luler" e disse que seus integrantes "se apresentam como elite esclarecida, mas hoje são o maior obstáculo ao desenvolvimento nacional. "Querem reconhecimento sem nunca ter suado por ele", acrescentou.
Em uma segunda publicação, Carlos também criticou a postura do Centrão em relação ao lançamento da pré-candidatura de Flávio e disse que o grupo político "opera para preservar os interesses do mercado financeiro". Desde o anúncio do nome de Flávio, caciques de partidos como o PP, o União Brasil, Republicanos e o PSD tem sinalizado que podem se manter neutros na disputa eleitoral do próximo ano ou apostar em candidaturas próprias.
Ao ser perguntado durante a entrevista desta quinta-feira se esperava o apoio dessas siglas em 2026, Flávio respondeu que tem expectativa para o apoio, mas que as sinalizações dependem de conversas futuras.
— Eles ficaram impactados quando veio o meu nome e não algum nome da preferência deles, como o Tarcísio, [Romeu] Zema, Ratinho Júnior ou o [Ronaldo] Caiado. Eles tinham outras preferências. Nesse momento, é óbvio que eu quero o apoio deles [...] Agora, a gente tem que fazer análise se vale a pena trazer todo mundo para perto, que eu acho que é o correto, para dar mais musculatura para uma candidatura de centro-direita, sinalizando a nossa união e que o caminho da prosperidade é a nossa, ou se lá na frente cada partido acha que é melhor lançar o seu próprio nome, porque isso impacta os acordos regionais — respondeu o senador.
