Explosão no Tatuapé: Dono de depósito de material explosivo era baloeiro, diz polícia
O dono do depósito de fogos de artifícios e material explosivo que detonou na noite de ontem (13) no bairro do Tatuapé, na zona Leste de São Paulo, tinha histórico criminal e respondia na Justiça por soltar balões.
Segundo a Polícia Civil de São Paulo, Adir de Oliveira Mariano, de 46 anos, está desaparecido, e ao que tudo indica é a vítima fatal do acidente. Seus familiares compareceram ao Instituto Médico Legal (IML) para tentar reconhecer o corpo encontrado próximo ao imóvel, mas não conseguiram identificá-lo porque o corpo está praticamente irreconhecível.
Vizinhos sob risco: Defesa Civil interdita 23 imóveis próximos ao depósito de fogos de artifício incendiado
Vídeo : Confira o momento da explosão em galpão de fogos de artifício na Zona Leste de SP
Nuvem formada pela explosão de depósito clandestino de fogos de artifício no Tatuapé, em São Paulo
Reprodução
Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, o delegado Felipe Soares, do Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Cerco) da 5ª Seccional de Polícia de São Paulo, afirmou que Mariano alugou a residência que explodiu há cerca de 40 dias. Os vizinhos, de acordo com ele, quase não o conheciam.
— Vamos procurar identificar com quem o Adir trabalhava, se ele agia sozinho, de quem ele comprava e a quantidade que tinha ali. O Gate apreendeu os artefatos e encaminhou para a polícia. A partir dai, saberemos se é explosivo, se é dinamite — afirmou Soares.
Ainda não é possível saber se Mariano só armazenava o material explosivo ou se também fabricava. A polícia ouviu alguns familiares dele para compreender a dinâmica.
As causas do acidente ainda não foram elucidadas, uma vez que a polícia ainda não teve acesso ao imóvel.
Depois da explosão, a Defesa Civil de São Paulo interditou 23 imóveis vizinhos do depósito de fogos de artifício — 12 de forma total e 11 de forma parcial. Os moradores afetados foram abrigados por familiares, segundo o órgão.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o imóvel que explodiu não tinha alvará de produção ou armazenamento de fogos de artifício.
— Na verdade, ali era para ser uma residência, não era para funcionar aquilo. Em zona residencial, a legislação não permite que haja manuseio e estoque de fogos de artifício. Para isso, a empresa precisa cumprir uma série de requisitos, inclusive um distanciamento de comércios e casas. Justamente para num acidente não restarem vítimas — afirma a capitã Karoline Magalhães, porta-voz do Corpo de Bombeiros de São Paulo.
Além de Mariano, outras dez vítimas, que estavam em seis casas vizinhas, foram atingidas — seis delas com ferimentos leves.
Entre as vítimas em estado grave, está uma mulher que sofreu traumatismo cranioencefálico. O filho dela, de 19 anos, teve escoriações na mão.
O episódio ocorreu por volta das 19h40 na Rua Francisco Bueno, número 79, Tatuapé. O imóvel ficou totalmente destruído.
Segundo a Defesa Civil, a Coordenadoria Municipal de Proteção foi acionada e constatou “grande dano patrimonial, atingindo diversos imóveis comerciais, residenciais e veículos”.
Ao todo, 13 viaturas e 27 integrantes do Corpo de Bombeiros participaram do resgate das vítimas e da contenção do incêndio. Segundo a capitã, o material que restou foi encaminhado e não há mais risco de explosão.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a explosão atingiu imóveis vizinhos, derrubou estruturas metálicas e provocou danos em diversos veículos estacionados na região.
“A força do impacto também levou à interdição temporária da Avenida Salim Farah Maluf para garantir a segurança das equipes em atuação”, diz a nota.
Parte das vítimas foi encaminhada ao Hospital Nipo-Brasileiro. Outras vítimas foram socorridas a unidades de saúde próximas ou atendidas no local pelas equipes de emergência, segundo a pasta.
“Durante o rescaldo, o Corpo de Bombeiros acionou o Esquadrão de Bombas do GATE, que localizou um corpo carbonizado entre os escombros. A vítima, um homem, seria o suspeito de armazenar ilegalmente artefatos explosivos no interior do imóvel. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da explosão. O caso foi registrado como explosão, crime ambiental e lesão corporal no 30° DP. A perícia do local foi requisitada e o exame necroscópico será realizado pelo Instituto Médico-Legal. A SSP reforça que o armazenamento ilegal de materiais explosivos representa grave risco à vida e à integridade da população, e que todas as medidas cabíveis estão sendo adotadas para esclarecer os fatos e responsabilizar eventuais envolvidos”, diz a nota
