Ex-príncipe Andrew volta ao centro das pressões políticas com recusa ao Congresso dos EUA e posicionamento de Starmer
No primeiro dia da Cúpula de Líderes do G20, neste sábado (21), o caso Jeffrey Epstein voltou ao debate internacional por uma via inesperada: a cobrança pública sobre a postura do ex-príncipe Andrew. A discussão ganhou força depois que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, foi questionado por repórteres sobre o pedido enviado pelo Congresso dos Estados Unidos para que Andrew cooperasse com a investigação relacionada ao esquema de tráfico sexual atribuído ao financista americano. A resposta do premiê acrescentou uma nova camada à pressão política. “Não vou comentar o caso específico dele”, disse Starmer a jornalistas. “Mas, como princípio geral que defendo há muito tempo, qualquer pessoa que tenha informações relevantes em relação a esse tipo de caso deve fornecer essas provas a quem precisar delas”, afirmou.
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O posicionamento ocorreu um dia depois de expirar o prazo dado por congressistas americanos para que Andrew respondesse ao pedido de esclarecimentos. O comitê de supervisão da Câmara dos Representantes enviara uma solicitação para que o ex-príncipe participasse de uma entrevista transcrita sobre sua relação com Epstein. O prazo venceu na quinta-feira (20) sem resposta.
Em comunicado, Robert Garcia e Suhas Subramanyam, ambos do Partido Democrata, classificaram o silêncio de Andrew como algo que “diz muito”. Segundo eles, “os documentos que analisamos, juntamente com os registros públicos e o depoimento de Virginia, levantam questões sérias que ele [Andrew] precisa responder”.
A recusa de Andrew ocorre em um contexto de desgaste. Nos últimos meses, o Palácio de Buckingham confirmou que ele perderia o título de príncipe e deixaria a residência real onde vivia. A decisão, tomada pelo rei Charles III, ocorreu após o aprofundamento das denúncias envolvendo suposto envolvimento do ex-príncipe no caso Epstein.
“Essas censuras são consideradas necessárias, apesar de ele continuar negando as acusações contra ele”, afirma a nota do palácio. A partir de então, ele passou a ser tratado como Andrew Mountbatten Windsor, sem honrarias oficiais, embora mantenha o oitavo lugar na linha de sucessão ao trono. Andrew nega ter abusado sexualmente de Virginia Giuffre, uma das vítimas de Epstein, que morreu em abril deste ano.
A pressão internacional também se intensificou após movimentos políticos dentro dos Estados Unidos. Depois de meses de impasse, o presidente Donald Trump sancionou, nesta quarta-feira (19), uma lei aprovada quase por unanimidade pelo Congresso determinando a divulgação de todos os documentos não sigilosos relacionados à investigação do esquema atribuído a Epstein.
Trump escreveu em sua rede Truth Social que “a questão Epstein” estaria sendo usada por adversários democratas para “tentar desviar” do que chamou de suas “INCRÍVEIS vitórias”. “Esta última farsa se voltará contra os democratas, assim como todas as outras!”, afirmou.
O caso, que se arrasta desde a morte de Epstein em 2019, voltou a mobilizar deputados americanos após a publicação de registros financeiros e anotações encontradas nos arquivos da herança do financista. Entre os itens divulgados pelo comitê aparecem referências como “massagens para Andrew”, o que, segundo os parlamentares, exige esclarecimentos adicionais.
Por enquanto, a decisão de cooperar ou não permanece, como disse o premiê britânico, uma escolha exclusiva do ex-príncipe. “Minha posição geral é que, se você tem informações relevantes, deve estar preparado para compartilhá-las”, afirmou Starmer.
