Entre a Lua, a Terra e um asteroide: o que 2025 entregou à exploração espacial?
Em 2025, a exploração espacial voltou a ocupar espaço no noticiário — às vezes por conquistas celebradas, outras por expectativas frustradas. O ano começou embalado por previsões ambiciosas feitas no fim de 2024, mas rapidamente deixou claro que, fora da Terra, cronogramas são mais frágeis do que anúncios sugerem. Ainda assim, entre pousos na Lua, satélites em órbita e missões rumo a asteroides, o balanço revela um setor em transformação, cada vez mais diverso e competitivo.
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A Lua voltou a ser destino frequente, sobretudo para empresas privadas, enquanto a observação da Terra ganhou reforços estratégicos na Europa. Ao mesmo tempo, a China avançou discretamente em missões de longo alcance, mirando não apenas a órbita terrestre, mas também pequenos corpos do Sistema Solar. Nem tudo saiu como o planejado — e talvez essa seja a principal marca de 2025: um ano que ajustou expectativas e mostrou que o caminho até o espaço segue feito de tentativas, erros e correções.
A Lua como laboratório
O principal destaque lunar do ano veio em 15 de janeiro, com o lançamento do módulo Blue Ghost, da empresa americana Firefly Aerospace, a bordo de um foguete Falcon 9. Transportando dez cargas úteis da NASA, o módulo pousou com sucesso em 2 de março no Mare Crisium, uma vasta planície lunar.
Durante cerca de duas semanas, realizou experimentos científicos e tecnológicos, incluindo perfuração do solo, medições térmicas e análises do regolito, conforme previsto. A missão foi oficialmente encerrada em 16 de março, após a perda de contato com o módulo ao fim do dia lunar, um desfecho considerado dentro do esperado.
Poucos dias depois, em 27 de fevereiro, foi lançada a missão IM-2, da Intuitive Machines, com o módulo Athena. O pouso ocorreu em 6 de março, próximo ao polo sul da Lua, e imagens chegaram a ser transmitidas à Terra.
O sucesso inicial, porém, durou pouco: o módulo acabou tombado em terreno acidentado, o que comprometeu a operação dos instrumentos. Com as baterias incapazes de se recarregar adequadamente, a missão foi encerrada antes de cumprir seus objetivos principais.
Outras iniciativas lunares privadas previstas para 2025 — como a missão IM-3, da Intuitive Machines, além de projetos da Astrobotic e da Blue Origin — seguiram sem informações públicas detalhadas, reforçando o contraste entre o discurso ambicioso e a realidade operacional do setor.
Olhar para a Terra e além dela
Enquanto a Lua concentrava atenções, a órbita terrestre foi palco de avanços menos chamativos, mas fundamentais. Em 2025, a Agência Espacial Europeia deu continuidade ao fortalecimento do programa Copernicus.
Em 4 de novembro, o satélite Sentinel-1D foi lançado a bordo do foguete Ariane 6, ampliando a capacidade de monitoramento ambiental do continente. Sua primeira imagem, em cores falsas, mostrou o norte da Alemanha, com campos agrícolas, áreas urbanas e rios como Elba e Weser se destacando até o mar do Norte.
Outro reforço veio com o Sentinel-6B, que entrou em operação com a missão de medir com alta precisão a elevação do nível do mar — um dado essencial para acompanhar os impactos das mudanças climáticas.
Já em 2 de julho, o lançamento do Sentinel-4 marcou um avanço significativo: trata-se da primeira missão em órbita geoestacionária dedicada exclusivamente à observação da qualidade do ar na Europa.
Mais distante da Terra, a China deu um passo estratégico com o lançamento da missão Tianwen-2, em 28 de maio. O destino inicial é o asteroide próximo da Terra 469219 Kamoʻoalewa, de onde a sonda pretende recolher amostras antes de seguir rumo ao cometa 311P/PanSTARRS.
A missão está em curso e pode ajudar a esclarecer se o asteroide é, na verdade, um fragmento da Lua ejetado por um impacto antigo, além de abrir caminho para futuras missões chinesas de exploração do espaço profundo.
O ano também foi marcado por frustrações. A missão IM-2 não alcançou seus objetivos centrais, e a promessa da SpaceX de realizar até 25 voos da Starship em 2025 ficou longe de se concretizar. Em março, o oitavo voo de teste do megafoguete terminou sem cumprir as metas previstas, evidenciando as dificuldades de escalar rapidamente um projeto dessa magnitude.
Ainda assim, o balanço de 2025 está longe de ser negativo. O sucesso do Blue Ghost mostrou que a exploração lunar privada começa a se consolidar, o programa Copernicus segue produzindo dados essenciais para a vida na Terra, e a Tianwen-2 aponta para um futuro em que missões de longa distância deixarão de ser exceção.
