Enem 2025: ano que teve envelhecimento como tema da redação registra recorde de candidatos com mais de 60 anos
O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) registrou, em 2025, o maior número de candidatos com mais de 60 anos. Foram mais de 17 mil pessoas entre os 4,8 milhões de inscritos nessa faixa etária. Neste ano, o tema da redação foi justamente “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”.
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Veja o número de inscritos 60+
2025 - 17.192
2024 - 9.950
2023 - 8.531
2022 - 5.900
2021 - 6.004
2020 - 11.768
2019 - 8.259
2018 - 8.704
2017 - 9.618
2016 - 13.018
2015 - 10.680
2014 - 12.375
2013 - 8.781
2012 - 6.596
2011 - 5.602
2010 - 5.054
2009 - 4.534
Como texto de apoio, a prova citou frases de Rita Lee (“A velhice não é doença. É destino”) e de Fernanda Montenegro (“A velhice é o tempo em que a vida já foi vivida e, por isso mesmo, pode finalmente ser olhada de frente, sem o pânico do ineditismo”).
Na avaliação da antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mirian Goldenberg, a escolha do tema é um marco da conscientização sobre a invisibilização dos idosos.
— Eu acho maravilhoso uma prova feita por estudantes em sua maioria adolescentes propor um tema sobre envelhecimento — celebra. — Isso mostra como os problemas enfrentados pelos velhos brasileiros estão mais visíveis do que nunca.
A atriz Giovanna Goldfarb, de 61 anos, é uma dessas inscritas. A candidata que, em 1999, interpretou a personagem Zefa, na primeira versão da novela “Pantanal”, diz que quer se reconciliar com sua "versão" estudante.
— Minha versão aluna merece ser melhor — diz a candidata que, em 1999, interpretou a personagem Zefa, na primeira versão da novela “Pantanal”. — Meus objetivos são: 1) gabaritar História, Geografia, Literatura e Inglês; 2) tirar 800 na redação; 3) acertar alguma coisa de Matemática e Física; 4) algumas de Biologia e Química; 5) passar na faculdade que pretendo.
Em 1983, ela chegou a entrar na faculdade de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), mas não conseguiu completar o curso. Na época, ela passou por um grave problema de dependência química que a fez frequentar pouco as aulas até que um acidente de carro decretou sua saída de vez.
— Não estudava há mais de 40 anos. Me sinto um museu ambulante na turma do pré-vestibular social que frequento. A gente ri à beça. Me sinto quase que da época de Pedro Álvares Cabral! O professor de Geografia mostrou um slide com um vilão destruidor do mundo. Ao final da aula, eu perguntei: “Tá, mas quem é esse?” Todo mundo conhecia, era da Marvel, menos eu — diverte-se a estudante que está em uma turma do “Mulheres na Escola”, um programa da Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância (Cecierj) e da Secretaria de Estado da Mulher do Rio que promove o retorno à educação formal para mulheres a partir de 16 anos ou que desejam fazer o pré-vestibular.
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